Descubra a história de Osho através das suas próprias palavras
26 July, 2018 @ 3:56 pm
in Biografias, Cultura e Sociedade, Escritores, Reviews de Livros
Na sua Autobiografia de Um Místico Espiritualmente Incorreto, o famoso autor e orador indiano conta a história da sua vida pelas suas próprias palavras numa obra entusiasmante que agora obteve uma nova edição.
Mais de duas décadas depois de ter abandonado a vida corpórea, da qual partiu tranquilamente, o pai da meditação dinâmica, como era conhecido, continua a ser uma inspiração para muitos milhões de seguidores em todo o mundo.
Esta autobiografia relata como o percurso de Osho o levou a tornar-se num dos mestres espirituais mais provocantes e admirados do nosso tempo – cujos ensinamentos são perpetuados nos seus livros -, mas apresenta também as suas visões mais desafiadoras, revelando um lado menos conhecido do autor, também explorado atualmente em documentário televisivo.
“Ao escutar as histórias da minha infância, tente procurar algumas qualidades – não apenas a história, mas um aspecto intrínseco que passa, como um fio ténue, através de todas as minhas memórias. E esse fio ténue é espiritual. (…) Espiritual, para mim, significa apenas encontrar-se a si mesmo. Nunca permiti que alguém fizesse esse trabalho por mim – porque ninguém o pode fazer por si; você tem de o fazer sozinho.”, afirma Osho numa passagem do livro.
Autobiografia de Um Místico Espiritualmente Incorreto é por isso tudo uma obra imperdível para todos os que apreciam a carreira deste autor excepcional, mas sobretudo para todos aqueles que desejam encontrar uma nova espiritualidade na sua vida.
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Sinopse do livro Autobiografia de Um Místico Espiritualmente Incorreto
Há mais de vinte anos que Osho abandonou a sua vida corpórea, «tão calmamente como se estivesse a partir de férias», como disse o seu médico. Este livro pretende oferecer uma contextualização histórica e biográfica de Osho e da sua obra. Quem era este homem, conhecido como «o guru do sexo», «o pai da meditação dinâmica», «o guru dos Rolls-Royce», ou, simplesmente, como «Mestre»?
Ao longo destas páginas encontramos a história da sua infância e educação, da sua vida como professor catedrático de Filosofia e das suas viagens pelo mundo, a ensinar a importância da meditação, bem como uma reflexão atenta acerca do seu legado filosófico e espiritual.
Autobiografia de Um Místico Espiritualmente Incorreto é uma celebração da vida de um dos mestres espirituais mais provocantes dos nossos dias. Na década de 1970, Osho captou a atenção de milhões de jovens ocidentais fascinados pela meditação e pela transformação pessoal; quase duas décadas após a sua morte, a influência dos seus ensinamentos não deixa de crescer, atraindo leitores em todo o mundo.
Quem é Osho?
Osho dedicou a sua vida ao estudo da espiritualidade. Fundou vários retiros de meditação e comunas, além de ensinar os seus conhecimentos e realizar palestras em todo o mundo. É considerado o autor indiano de maior sucesso: os seus livros vendem mais de um milhão de exemplares por ano e estão traduzidos em dezenas de idiomas. Oficialmente é autor de mais de seiscentos livros, mas quase todos eles são transcrições das suas palestras. Osho acreditava no poder da palavra viva e do diálogo, e é isso mesmo que os seus livros transmitem.
FICHA TÉCNICA DO LIVRO AUTOBIOGRAFIA DE UM MÍSTICO ESPIRITUALMENTE INCORRETO
Género: Literatura / Biografia | Formato: 15 x 23,5 cm | N.º de páginas: 376 | Data de lançamento: 3 de agosto de 2018 | PVP: € 16,60 | ISBN: 978-989-687-512-1 | Tradução: Isabel Baptista
Fonte:https://mundodelivros.com/historia-de-osho-autobiografia/
Osho
Líder espiritual indiano
Por Laura Aidar*
Formada em Comunicação
Biografia de Osho
Osho foi um líder espiritual indiano criador do movimento Rajneesh.
Ele ficou conhecido por se opor às religiões tradicionais, pregando a liberdade através de técnicas de meditação, a valorização do humor, criatividade, celebração e liberdade sexual.
Apesar de criticar as religiões, Osho criou um movimento com todas as características de uma seita, com rituais e seguidores.
O guru também deixou mais de 600 livros com ensinamentos, lidos no mundo todo.
Primeiros anos e formação
Chandra Mohan Jain nasceu em Kuchwada, na Índia, em 11 de dezembro de 1931. Ao longo da vida adotou também os nomes Acharya Rajneesh, Bhagwan Shree Rajneesh e Osho.
Filho de comerciantes de tecidos e vindo de uma família numerosa, foi criado pelos avós maternos na primeira infância em um pequeno vilarejo no centro da Índia.
Em sua vida escolar se destacou por sua rebeldia e talento. Na adolescência se interessa por meditação, ioga, hipnose e outros métodos de expansão da consciência.
Mais tarde, ingressa na Hitkarini College e depois no DN Jain College, em Jabalpur. Nessa época também trabalhou em um jornal como assistente.
Nos anos 50 e 60 realiza palestras em encontros religiosos, também em Jabalpur.
O guru afirmou ter sido em 1953, quando tinha apenas 21 anos, que recebeu a iluminação espiritual.
Se formou mestre em filosofia em 1957 pela Universidade de Sagar e foi professor na Universidade de Jabalpur. Nessa época percorreu a Índia com o nome de Acharya Rajneesh para falar sobre suas concepções de espiritualidade, progresso e sociedade, onde criticava o socialismo e exaltava o sistema capitalista.
No final dos anos 60 ficou conhecido como "guru do sexo" após a palestra From Sex to Superconsciousness, em que defendia maior liberdade sexual e aceitação.
Em 1970 apresenta o que chamou de Meditação Dinâmica, uma técnica que envolve a dança, a respiração rápida (hiperventilação) e a música. Foi nesse período que forma o primeiro grupo de discípulos.
Ashram na Índia
De 1974 a 1981, Osho gerenciou um Ashram em Pune. Ele permitiu e incentivou a gravação de suas palestras e a difusão desse material, o que fez com que seu discurso chegasse mais longe e atraiu grande número de pessoas ocidentais.
Assim, o ashram se tornou conhecido, contando também com atendimentos terapêuticos pagos e vendas de produtos.
Comunidade nos EUA
Em 1981 o guru indiano vai para os EUA tratar de problemas de saúde e se instala em um rancho no deserto de Oregon, comprado por seus discípulos.
Lá se constrói uma enorme comunidade, chamada de Rajneeshpuram. Em 1984 os moradores da cidade próxima e os habitantes da seita entram em conflito.
A secretária de Osho, Ma Anand Sheela, organizou ações criminosas (como ataque bioterrorista) para tentar manter a comunidade no local. No final de 1985 Sheela se muda para a Europa e Osho corta relações com ela.
Problemas na justiça e volta à Índia
Também em 1985 o guru foi preso por conspirar contra leis de imigração, sendo solto após cinco dias mediante o pagamento de fiança.
O líder espiritual precisou deixar os EUA, foi impedido de retornar ao país e de ingressar em outros países. Assim, volta à Índia, retoma deus discursos e volta a viver no ashram em Puna.
Morre em 1990, em 19 de janeiro em Puna.
Wild Wild Country - série da Netflix
Em 2018 a Netflix lançou uma série documental Wild Wild Country contando a história de Osho e todos os conflitos na comunidade espiritual em Oregon.
São 6 episódios que apresentam imagens de arquivo e entrevistas, abordando os detalhes dessa passagem na vida do guru.
Frases de Osho
Ser feliz é a maior coragem. Todo mundo é capaz de ser infeliz; para ser feliz é preciso coragem – é um risco tremendo.
Estou aqui para dizer-lhes algo
que é absolutamente inacreditável:
que vocês são deuses e deusas.
Vocês se esqueceram disso.
O silêncio também fala, fala e muito! O silêncio pode falar mesmo quando as palavras falham.
Quando a liberdade é deixada intacta, o amor cresce infinitamente.
Última atualização: 31/08/2022
Formada em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.
Fonte:https://www.ebiografia.com/osho/
Osho
“Não sou sério! O que estou dizendo a vocês é dito como uma brincadeira. É mais uma fofoca do que um evangelho.”
(Bhagwan Shree Rajneesh, também conhecido como Osho)
Osho originalmente é um título de reverência concedido a certos mestres na tradição Zen do Budismo. Por exemplo, “Osho Bodhidharma”.
Atualmente, o título é mais comumente relacionado com o controvertido filósofo indiano originalmente conhecido como Bhagwan Shree Rajneesh.
Rajneesh Chandra Mohan Jain (रजनीश चन्द्र मोहन जैन) (Índia, 11 de Dezembro de 1931 – 19 de Janeiro de 1990) foi o fundador de um movimento filosófico-religioso, primeiro na sua terra natal e mais tarde nos Estados Unidos da América. Durante a década de 1970 foi conhecido pelo nome de Bhagwan Shree Rajneesh e mais tarde como Osho.
“OSHO.. Nunca nasceu…nunca morreu…apenas visitou este planeta Terra entre 1931 e 1990.”
(epitáfio, inscrição na tumba de Osho)
Embora Rajneesh nunca tenha escrito nenhum livro, muitos foram publicados por transcrições de seus discursos e palestras, livros que até hoje fazem muito sucesso em muitos países, inclusive o Brasil, país que possui um pequeno mas muito ativo grupo de discípulos e simpatizantes, espalhados em muitos dos grandes centros e em algumas comunidades mais afastadas.
Muitos desses discípulos exercem algum tipo de atividade terapêutica alternativa e divulgam suas principais meditações, como a chamada Meditação Dinâmica. Alguns técnicos dizem tratar-se de um exercício aeróbico que promove embriaguez por hiperventilação. Outros, com experiência pessoal nessa técnica, dizem que a hiperventilação não causa embriaguês, mas muita disposição física durante todo o dia; não é aconselhável deitar ou sentar-se após esta técnica, mas cuidar das atividades da vida.
Seus discípulos (Sannyasins) o apresentam como um grande contestador e libertador. Seu ensinamento, sem dúvida, enfatizava bastante a busca de liberdade pessoal e apresentava uma atitude mordaz em relação à tradição e à autoridade estabelecida. Entretanto, isso não é apresentado como uma rebeldia sem causa, mas como um transbordamento possível, vindo da meditação.
É uma figura extremamente polêmica. Em boa parte, porque ele próprio raramente procurava apaziguar ou evitar conflitos. Ele nunca foi um moralista, enfatizando sempre a consciência individual e a responsabilidade de cada um por si mesmo. As pessoas que o ouviam, gostavam muito do que ele contestava com consciência, mas não assimilavam.
Membros do seu grupo foram acusados de, deliberadamente, causar uma intoxicação com salmonela na comunidade de Condado de Wasco (no Oregon), na seqüência de alegadas tentativas para obter vantagens nas eleições do condado. Os seus discípulos garantem que ele teria morrido por envenenamento de tálio radioativo, provocado na altura em que esteve preso, durante trinta dias, nos Estados Unidos, em 1985. Alguns órgãos da imprensa chegam a divulgar que Osho teria morrido de Aids.
Nos EUA, respondeu por 35 acusações e foi condenado a dez anos de prisão com sursis. Foi expulso também da Grécia, foi rechaçado da Alemanha e da Espanha e só conseguiu entrar na Irlanda porque seu piloto alegou ter um doente a bordo. Sua secretária Sheela Birustiel-Silvermann (Ma Anad Sheela) foi extraditada da Alemanha, onde estava no cárcere em Bühl e foi condenada pelo tribunal federal de Portland (Oregon), em 1986, a quatro anos e meio de prisão por fraude e envenenamento alimentar. A investigação revelou que centenas de jovens mulheres teriam sido constrangidas a aceitar uma operação de esterilização.
“Osho é o homem mais perigoso desde Jesus Cristo. Ele disse coisas que ninguém mais teve coragem. Teve todos os tipos de idéias que, por terem ressonância de verdade, assustavam os monstros do controle.”
(Tom Robbins, escritor e seguidor de Osho)
Rajneesh segundo seus defensores
O pensamento de Rajneesh está exposto em mais de 1000 livros que podem elucidar sobre a sua filosofia. Segundo seus admiradores, Osho não pretendia impor a sua visão pessoal nem estimular conflitos.
Enfatizou, pelo contrário, a importância de se mergulhar no mais profundo silêncio, pois somente através da meditação se poderia atingir a verdade e o amor, guiada pela consciência individual, sem intermediários como sacerdotes, políticos, intelectuais ou ele mesmo.
Transmitia, pois, uma mensagem otimista que apontava para um futuro onde a humanidade deixaria o plano da inconsciência e, por conseqüência, a destruição, o medo e o desamor, já que cada um seria o buda de si próprio, recordando aquilo que a consciência imediata esqueceu. Segundo esta visão, a humanidade parece-se a um conjunto de cegos guiados por outros cegos (imagem que também faz parte do ideário cristão).
Os seus seguidores reconhecem-no como uma das figuras mais importantes da história da humanidade, sendo injustiçado pela humanidade ignorante. Todo o trabalho de Osho é de desconstrução e silêncio. Desconstrução de dogmas arcaicos e amarras psicológicas que aprisionam e limitam o ser humano.
Segundo Osho, todo o planeta (com raras exceções) está doente. Mas é uma doença auto-imposta. Liberdade é o fundamento de um homem auto-realizado e digno. O Silêncio, por sua vez é a comunhão da criatura com sua essência divina e pura. O silêncio é re-encontrado pela meditação, onde o homem experimenta seu verdadeiro ser.
Os seus discípulos garantem que, depois de expulso dos Estados Unidos da América, Osho não conseguiu qualquer visto para permanência nos países que visitou após o incidente, devido a pressões norte-americanas. Nenhuma das acusações feitas têm consistência objetiva – fruto apenas do temor e ódio das instituições representadas pelo governo norte-americano, segundo os seus discípulos.
Fonte: Wikipedia
Site oficial: Osho.com
Fotos: Movimento pela Paz e ex-tenso
Fonte:https://irradiandoluz.com.br/2008/10/osho.html
Osho: os anos de juventude (Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh – Parte 1)
por Gabriel Dread Siqueira | 12/12/08 | Espiritualidade
Os anos de Infância (1931 – 1952)
1931: Bhagwan Shree Rajneesh nasceu em Kuchwada, Madhya Pradesh, Índia, no dia 11 de dezembro de 1931, filho mais velho de um modesto mercador de tecidos que pertencia à religião jaina. Passou os sete primeiros anos de sua infância com seus avós, que lhe davam absoluta liberdade para fazer o que bem quisesse, apoiando suas precoces e intensas investigações sobre a verdade acerca da vida.
1938: Após a morte de seu avô, ele foi viver com seus pais em Gadawara, uma cidade de 20.000 habitantes. Sua avó mudou-se para a mesma cidade, permanecendo como sua mais dedicada amiga até falecer em 1970, tendo se declarado discípula de seu neto.
1946: Bhagwan experimenta seu primeiro satori com a idade de 14 anos. Com o passar dos anos, suas experiências em meditação foram se aprofundando. A intensidade de sua busca espiritual chegou a afetar sua saúde física. Seus pais e amigos recearam que El não vivesse por muito tempo.
Os anos de Universidade (1953 – 1967)
1953: Aos 21 anos, em 21 de março de 1953, Bhagwan atinge o estado de iluminação, o pico mais alto da consciência humana. Com sua iluminação, disse ele, sua biografia externa terminara. Desde então, Bhagwan tem vivido num estado de vazio interior, livre de seu ego, em perfeita comunhão com as leis intrínsecas da vida. Externamente, prosseguiu seus estudos na Universidade de Jabalpur, onde em 1956, graduou-se como primeiro aluno da turma de Filosofia. Ele foi campeão de debates na Índia e ganhou a medalha de ouro no ano de sua graduação
1957: Bhagvan lecionou no “Sanskrit College”, em Raipur. Um ano mais tarde, tornou-se professor de Filosofia na Universidade de Jabalpur. Em 1966, desiste do cargo para dedicar-se inteiramente à tarefa de ensinar a arte da meditação ao homem moderno. Durante os anos 60, Bhagwan cruzou a Índia de norte a sul, de leste a oeste, como o Acharya Rajneesh (professor Rajneesh), provocando a ira do “Establishment” onde quer que ele foosse. Ele desmascarava a hipocrisia do sistema e suas tentativas para impedir que o homem alcançasse o direito mais fundamental do ser humano – o direito de ser ele mesmo. Bhagwan se dirigia a audiências de milhares de pessoas, sensibilizando os corações de milhões.
*Fonte: Rajneesh, Bhagwan Shree. A Nova Criança. Eco: Rio de Janeiro, 1988.
https://irradiandoluz.com.br/2008/12/osho-os-anos-de-juventude.html
Osho: chegando ao estrelato mundial (Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh – Parte 2)
por Gabriel Dread Siqueira | 13/12/08 | Espiritualidade
Os anos em Bombaim (1968 – 1973)
1968: Bhagwan estabeleceu-se em Bombaim, onde morou e ensinou por alguns anos. Ele organizou regularmente “acampamentos de meditação”, quase sempre nas montanhas, onde introduziu a sua revolucionária Meditação Dinâmica, uma técnica que ajuda a parar a mente, ao permitir que ela tenha primeiramente uma catarse. A partir de 1970, começou a iniciar pessoas no Neo-Sannias, um caminho de compromisso com o autoconhecimento e a meditação, amparado pelo seu amor e sua orientação pessoal. Nessa época, começou a ser chamado “Bhagwan” (O Abençoado).
1970: Chegam à Índia os primeiros buscadores do Ocidente, pessoas com as mais diversas formações. A fama de Bhagwan começa a se espalhar atra’ves da Europa, Américas, Austrália e Japão. Os acampamentos de meditação continuam todos os meses e, em 1974, um novo lugar foi encontrado em Puna, onde seus ensinamentos puderam ser intensificados.
Os anos em Puna (1974 – 1980)
1974: No vigésimo primeiro aniversário de iluminação de Bhagwan, o ashram em Puna abriu suas portas. O raio de influência de Bhagwan atingia o mundo inteiro. Ao mesmo tempo, sua saúde tornava-se mais e mais frágil. Bhagwan se recolhia cada vez mais à privacidade de seus aposentos, aparecendo apenas duas vezes por dia: dando discursos pela manhã e iniciando e aconselhando pessoas à noite.
Foram criados grupos de terapia combinando o “insight” oriental da meditação com as técnicas ocidentais de psicoterapia. Em dois anos, o ashram já tinha a reputação de melhor centro de crescimento e terapia do globo. As palestras de Bhagwan abrangiam todas as grandes tradições religiosas do mundo.
Ao mesmo tempo, sua vasta erudição na ciência e no pensamento ocidentais, a clareza de suas palavras e a profundidade de seus argumentos desfaziam o imemorial abismo entre Oriente e Ocidente, para seus ouvintes. Suas palestras, gravadas e transcritas em livros, constituem hoje centenas de volumes e atingem centenas de milhares de leitores. Nos últimos anos da década de 70, o ashram de Bhagwan, em Puna, transformara-se na Meca dos buscadores da verdade modernos.
O Primeiro-Ministro indiano Moraji Desai, um tradicional devoto hindu, obstruiu todas as tentativas dos discípulos de Bhagwan de transferirem o ashram para uma parte remota da Índia, onde poderiam experimentar a aplicação dos ensinamentos de Bhagwan na construção de uma comunidade auto-suficiente onde viveriam em meditação, amor, criatividade e alegria.
1980: Um membro de uma tradicional seita hindu tenta assassinar Bhagwan durante uma de suas palestras. Enquanto de leste a oeste as religiões e igrejas oficiais faziam oposição a seu trabalho, Bhagwan já tinha mais de 250 mil discípulos no mundo inteiro.
*Fonte: Rajneesh, Bhagwan Shree. A Nova Criança. Eco: Rio de Janeiro, 1988.
https://irradiandoluz.com.br/2008/12/osho-chegando-ao-estrelato-mundial.html
Osho: moradia e extradição dos EUA – Criação de Rajneeshpuram em Oregon (Wild Wild Country) – Parte 3
por Gabriel Dread Siqueira | 14/12/08 | Espiritualidade
Uma nova fase – Rajneeshpuram, EUA (1980 – 1985) – A criação de uma comunidade em Antelope, Wasco, Oregon (Wild Wild Country)
1981: Em primeiro de maio, Bhagwan parou de falar e iniciou uma fase de “comunhão silenciosa de coração a coração”, enquanto seu corpo, agora sofrendo de graves problemas de coluna, descansava. Bhagwan foi levado aos Estados Unidos por seus médicos e acompanhantes pela eventual necessidade de uma cirurgia de emergência. Seus discípulos americanos compraram o Big Muddy Ranch, uma fazenda de 64.000 acres no deserto do Oregon Central, na cidade de Antelope, condado de Wasco. Convidaram Bhagwan a ir para lá onde ele se recuperou rapidamente. Uma comuna agrícola modelo cresceu ao seu redor com uma velocidade alucinante e resultados impressionantes, transformando as terras cansadas, pedregosas e áridas de um deserto em um oásis verde, capaz de alimentar uma cidade de 5.000 habitantes.
(Nota do editor: esse episódio da vida de Osho é retratada na série da Netflix de 2018, Wild Wild Country.)
Nos festivais anuais de verão, organizados para os amigos de Bhagwan de todo o mundo, até 20.000 visitantes eram acomodados e alimentados na nova cidade de Rajneeshpuram. Paralelamente ao rápido crescimento da comuna no Oregon, surgem outras grandes comunas em todos os principais países do Ocidente e no Japão – comunas que viviam de maneira independente. Por essa época Bhagwan solicitava residência permanente nos EUA como líder religioso, mas teve seu pedido recusado pelo governo americano; uma das razões alegadas foi seu voto público de silêncio.
Ao mesmo tempo, cresciam as investidas legais por parte do governo do Oregon e da maioria cristã do estado, contra a nova cidade. As leis que disciplinavam o uso da terra no Estado do Oregon, criadas para a proteção do ambiente natural, transformaram-se na principal arma contra uma cidade cujos habitantes não haviam medido esforços para recuperar a fertilidade da terra árida, para reviver o ambiente natural tão empobrecido – de fato, a cidade transformara-se num modelo ecológico para todo o mundo.
Em outubro de 1984, Bhagwan começou a falar a pequenos grupos em sua residência e, em julho de 1985, voltou a fazer discursos para milhares de buscadores, todas as manhãs no Rajneesh Mandir.
1985: Em 14 de setembro, o secretário pessoal de Bhagwan e diversos membros da direção da comuna partem repentinamente e todo um conjunto de atos ilegais cometidos por esse grupo vem à tona. Bhagwan convidou as autoridades para que procedessem a todas as investigações necessárias. Usando essa oportunidade, as autoridades aceleram sua luta contra a comuna.
Em 29 de outubro de 1985, Bhagwan foi preso, sem um mandato de prisão, em Charlotte, Carolina do Norte. Durante a audiência em que tratavam de sua fiança, Bhagwan foi acorrentado. Sua viagem de volta ao Oregon, onde seria julgado – normalmente um vôo de cinco horas – demorou oito dias. Por alguns dias, ninguém soube de seu paradeiro. Mais tarde ele revelaria que, na Penitenciária do Estado de Oklahoma, fora registrado sob o nome de David Washington, e colocado numa cela de isolamento com outro prisioneiro que sofria de herpes infecciosa, doença que poderia ter sido fatal para Bhagwan.
Uma hora antes de ser finalmente libertado, depois de uma provocação de 12 dias em prisões, uma bomba foi descoberta na cadeia de Portland, presídio de máxima segurança do Oregon, onde Bhagwan estava detido. Todos foram evacuados exceto Bhagwan que foi mantido mais de uma hora dentro da cadeia.
Durante um discurso público em 6 de novembro de 1987, Osho declarou acreditar que o governo dos EUA o tenha envenenado com tálio durante os doze dias que esteve sob sua custódia.
Em meados de novembro de 1985, seus advogados aconselharam-no a confessar-se culpado em duas das trinta e quatro “violações de imigração” das quais era acusado, para evitar que sua vida corresse outros riscos nas garras do sistema judiciário americano. Bhagwan concordou, foi multado em quatrocentos mil dólares e obrigado a deixar os EUA, sem poder voltar por cinco anos. Deixando o país no mesmo dia, Bhagwan voou para a Índia, em um jato particular, onde permaneceu em repouso nos Himalaias.
Uma semana mais tarde, a comuna no Oregon resolveu dispersar-se.
Numa conferência de imprensa o procurador dos EUA, Charles Turnês, fez três declarações notáveis ao responder à pergunta: porque não foram feitas a Bhagwan as mesmas acusações feitas à sua secretária?
Turner disse que a prioridade do governo era destruir a comuna e que as autoridades sabiam que a remoção de Bhagwan precipitaria isso. Em segundo lugar, eles não desejavam transformar Bhagwan em um mártir. Em terceiro, não havia qualquer evidência que implicasse Bhagwan em quaisquer dos crimes.
*Fonte: Rajneesh, Bhagwan Shree. A Nova Criança. Eco: Rio de Janeiro, 1988.
A vida de Osho e a Criação de Rajneeshpuram em Oregon, EUA (Wild Wild Country)
por Gabriel Dread Siqueira | 14/04/18 | Espiritualidade
Osho originalmente é um título de reverência concedido a certos mestres na tradição Zen do Budismo. Por exemplo, “Osho Bodhidharma”.
Atualmente, o título é mais comumente relacionado com o controvertido filósofo indiano originalmente conhecido como Bhagwan Shree Rajneesh.
Rajneesh Chandra Mohan Jain (रजनीश चन्द्र मोहन जैन) (Índia, 11 de Dezembro de 1931 – 19 de Janeiro de 1990) foi o fundador de um movimento filosófico-religioso, primeiro na sua terra natal e mais tarde nos Estados Unidos da América. Durante a década de 1970 foi conhecido pelo nome de Bhagwan Shree Rajneesh e mais tarde como Osho.
Embora Rajneesh nunca tenha escrito nenhum livro, muitos foram publicados por transcrições de seus discursos e palestras, livros que até hoje fazem muito sucesso em muitos países, inclusive o Brasil, país que possui um pequeno mas muito ativo grupo de discípulos e simpatizantes, espalhados em muitos dos grandes centros e em algumas comunidades mais afastadas.
“Não sou sério! O que estou dizendo a vocês é dito como uma brincadeira. É mais uma fofoca do que um evangelho.”
(Bhagwan Shree Rajneesh, também conhecido como Osho)
Muitos desses discípulos exercem algum tipo de atividade terapêutica alternativa e divulgam suas principais meditações, como a chamada Meditação Dinâmica. Alguns técnicos dizem tratar-se de um exercício aeróbico que promove embriaguez por hiperventilação. Outros, com experiência pessoal nessa técnica, dizem que a hiperventilação não causa embriaguês, mas muita disposição física durante todo o dia; não é aconselhável deitar ou sentar-se após esta técnica, mas cuidar das atividades da vida.
Seus discípulos (Sannyasins) o apresentam como um grande contestador e libertador. Seu ensinamento, sem dúvida, enfatizava bastante a busca de liberdade pessoal e apresentava uma atitude mordaz em relação à tradição e à autoridade estabelecida. Entretanto, isso não é apresentado como uma rebeldia sem causa, mas como um transbordamento possível, vindo da meditação.
É uma figura extremamente polêmica. Em boa parte, porque ele próprio raramente procurava apaziguar ou evitar conflitos. Ele nunca foi um moralista, enfatizando sempre a consciência individual e a responsabilidade de cada um por si mesmo. As pessoas que o ouviam, gostavam muito do que ele contestava com consciência, mas não assimilavam.
Membros do seu grupo foram acusados de, deliberadamente, causar uma intoxicação com salmonela na comunidade de Condado de Wasco (no Oregon), na seqüência de alegadas tentativas para obter vantagens nas eleições do condado. Os seus discípulos garantem que ele teria morrido por envenenamento de tálio radioativo, provocado na altura em que esteve preso, durante trinta dias, nos Estados Unidos, em 1985. Alguns órgãos da imprensa chegam a divulgar que Osho teria morrido de Aids.
Nos EUA, respondeu por 35 acusações e foi condenado a dez anos de prisão com sursis. Foi expulso também da Grécia, foi rechaçado da Alemanha e da Espanha e só conseguiu entrar na Irlanda porque seu piloto alegou ter um doente a bordo. Sua secretária Sheela Birustiel-Silvermann (Ma Anad Sheela) foi extraditada da Alemanha, onde estava no cárcere em Bühl e foi condenada pelo tribunal federal de Portland (Oregon), em 1986, a quatro anos e meio de prisão por fraude e envenenamento alimentar. A investigação revelou que centenas de jovens mulheres teriam sido constrangidas a aceitar uma operação de esterilização.
“Osho é o homem mais perigoso desde Jesus Cristo. Ele disse coisas que ninguém mais teve coragem. Teve todos os tipos de idéias que, por terem ressonância de verdade, assustavam os monstros do controle.”
(Tom Robbins, escritor e seguidor de Osho)
Rajneesh segundo seus defensores
O pensamento de Rajneesh está exposto em mais de 1000 livros que podem elucidar sobre a sua filosofia. Segundo seus admiradores, Osho não pretendia impor a sua visão pessoal nem estimular conflitos.
Enfatizou, pelo contrário, a importância de se mergulhar no mais profundo silêncio, pois somente através da meditação se poderia atingir a verdade e o amor, guiada pela consciência individual, sem intermediários como sacerdotes, políticos, intelectuais ou ele mesmo.
Transmitia, pois, uma mensagem otimista que apontava para um futuro onde a humanidade deixaria o plano da inconsciência e, por conseqüência, a destruição, o medo e o desamor, já que cada um seria o buda de si próprio, recordando aquilo que a consciência imediata esqueceu. Segundo esta visão, a humanidade parece-se a um conjunto de cegos guiados por outros cegos (imagem que também faz parte do ideário cristão).
Os seus seguidores reconhecem-no como uma das figuras mais importantes da história da humanidade, sendo injustiçado pela humanidade ignorante. Todo o trabalho de Osho é de desconstrução e silêncio. Desconstrução de dogmas arcaicos e amarras psicológicas que aprisionam e limitam o ser humano.
Segundo Osho, todo o planeta (com raras exceções) está doente. Mas é uma doença auto-imposta. Liberdade é o fundamento de um homem auto-realizado e digno. O Silêncio, por sua vez é a comunhão da criatura com sua essência divina e pura. O silêncio é re-encontrado pela meditação, onde o homem experimenta seu verdadeiro ser.
Os seus discípulos garantem que, depois de expulso dos Estados Unidos da América, Osho não conseguiu qualquer visto para permanência nos países que visitou após o incidente, devido a pressões norte-americanas. Nenhuma das acusações feitas têm consistência objetiva – fruto apenas do temor e ódio das instituições representadas pelo governo norte-americano, segundo os seus discípulos.
Osho: moradia e extradição dos EUA – Criação de Rajneeshpuram em Oregon (Wild Wild Country) – Parte 3
Uma nova fase – Rajneeshpuram, EUA (1980 – 1985) – A criação de uma comunidade em Antelope, Wasco, Oregon (Wild Wild Country)
1981: Em primeiro de maio, Bhagwan parou de falar e iniciou uma fase de “comunhão silenciosa de coração a coração”, enquanto seu corpo, agora sofrendo de graves problemas de coluna, descansava. Bhagwan foi levado aos Estados Unidos por seus médicos e acompanhantes pela eventual necessidade de uma cirurgia de emergência. Seus discípulos americanos compraram o Big Muddy Ranch, uma fazenda de 64.000 acres no deserto do Oregon Central, na cidade de Antelope, condado de Wasco. Convidaram Bhagwan a ir para lá onde ele se recuperou rapidamente. Uma comuna agrícola modelo cresceu ao seu redor com uma velocidade alucinante e resultados impressionantes, transformando as terras cansadas, pedregosas e áridas de um deserto em um oásis verde, capaz de alimentar uma cidade de 5.000 habitantes.
(Nota do editor: esse episódio da vida de Osho é retratada na série da Netflix de 2018, Wild Wild Country.)
Nos festivais anuais de verão, organizados para os amigos de Bhagwan de todo o mundo, até 20.000 visitantes eram acomodados e alimentados na nova cidade de Rajneeshpuram. Paralelamente ao rápido crescimento da comuna no Oregon, surgem outras grandes comunas em todos os principais países do Ocidente e no Japão – comunas que viviam de maneira independente. Por essa época Bhagwan solicitava residência permanente nos EUA como líder religioso, mas teve seu pedido recusado pelo governo americano; uma das razões alegadas foi seu voto público de silêncio.
Ao mesmo tempo, cresciam as investidas legais por parte do governo do Oregon e da maioria cristã do estado, contra a nova cidade. As leis que disciplinavam o uso da terra no Estado do Oregon, criadas para a proteção do ambiente natural, transformaram-se na principal arma contra uma cidade cujos habitantes não haviam medido esforços para recuperar a fertilidade da terra árida, para reviver o ambiente natural tão empobrecido – de fato, a cidade transformara-se num modelo ecológico para todo o mundo.
Em outubro de 1984, Bhagwan começou a falar a pequenos grupos em sua residência e, em julho de 1985, voltou a fazer discursos para milhares de buscadores, todas as manhãs no Rajneesh Mandir.
1985: Em 14 de setembro, o secretário pessoal de Bhagwan e diversos membros da direção da comuna partem repentinamente e todo um conjunto de atos ilegais cometidos por esse grupo vem à tona. Bhagwan convidou as autoridades para que procedessem a todas as investigações necessárias. Usando essa oportunidade, as autoridades aceleram sua luta contra a comuna.
Em 29 de outubro de 1985, Bhagwan foi preso, sem um mandato de prisão, em Charlotte, Carolina do Norte. Durante a audiência em que tratavam de sua fiança, Bhagwan foi acorrentado. Sua viagem de volta ao Oregon, onde seria julgado – normalmente um vôo de cinco horas – demorou oito dias. Por alguns dias, ninguém soube de seu paradeiro. Mais tarde ele revelaria que, na Penitenciária do Estado de Oklahoma, fora registrado sob o nome de David Washington, e colocado numa cela de isolamento com outro prisioneiro que sofria de herpes infecciosa, doença que poderia ter sido fatal para Bhagwan.
Uma hora antes de ser finalmente libertado, depois de uma provocação de 12 dias em prisões, uma bomba foi descoberta na cadeia de Portland, presídio de máxima segurança do Oregon, onde Bhagwan estava detido. Todos foram evacuados exceto Bhagwan que foi mantido mais de uma hora dentro da cadeia.
Durante um discurso público em 6 de novembro de 1987, Osho declarou acreditar que o governo dos EUA o tenha envenenado com tálio durante os doze dias que esteve sob sua custódia.
Em meados de novembro de 1985, seus advogados aconselharam-no a confessar-se culpado em duas das trinta e quatro “violações de imigração” das quais era acusado, para evitar que sua vida corresse outros riscos nas garras do sistema judiciário americano. Bhagwan concordou, foi multado em quatrocentos mil dólares e obrigado a deixar os EUA, sem poder voltar por cinco anos. Deixando o país no mesmo dia, Bhagwan voou para a Índia, em um jato particular, onde permaneceu em repouso nos Himalaias.
Uma semana mais tarde, a comuna no Oregon resolveu dispersar-se.
Numa conferência de imprensa o procurador dos EUA, Charles Turnês, fez três declarações notáveis ao responder à pergunta: porque não foram feitas a Bhagwan as mesmas acusações feitas à sua secretária?
Turner disse que a prioridade do governo era destruir a comuna e que as autoridades sabiam que a remoção de Bhagwan precipitaria isso. Em segundo lugar, eles não desejavam transformar Bhagwan em um mártir. Em terceiro, não havia qualquer evidência que implicasse Bhagwan em quaisquer dos crimes.
Osho: perseguido no mundo todo (Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh – Parte 4)
Uma turnê mundial – um estudo sobre os direitos humanos (1986 – 1988)
Dezembro de 1985: A nova secretária de Bhagwan, sua assistente, seu médico particular e outros discípulos ocidentais que o acompanhavam foram expulsos da Índia, seus vistos cancelados. Nenhuma razão foi dada pelo governo indiano para esse ato sem precedentes, exceto “Vocês não são desejados aqui”. Bhagwan partiu para juntar-se a eles em Katmandu, Nepal, onde retornou seus discursos diários.
1986: Bhagwan foi para a Grécia com um visto de turista de trinta dias. O clero da Igreja Ortodoxa Grega ameaçou o governo de que haveria derramamento de sangue, se Bhagwan não fosse expulso do país.
A polícia invadiu a casa de campo onde Bhagwan estava hospedado, prendeu-o sem um mandato de prisão e o enviou para Atenas, onde apenas um suborno de vinte e cinco mil dólares pôde convencer as autoridades a não colocá-lo num navio com destino à Índia.
Ele deixou a Grécia num jato particular com destino à Suíça, onde seu visto de sete dias foi cancelado no momento de sua chegada, por policiais armados. Ele foi declarado “persona non grata” por “violação de imigração nos Estados Unidos” e convidado a deixar a Suíça.
Dirigiu-se então para a Suécia, onde foi acolhido da mesma forma: cercado pro policiais armados. Foi declarado “um perigo para a segurança nacional” e ordenaram que deixasse o país imediatamente.
Voou para a Inglaterra. A essa altura, seus pilotos eram legalmente obrigados a descansar por oito horas. Bhagwan queria esperar na sala de trânsito do aeroporto, mas não obteve permissão, como também não permitiram que pernoitasse em qualquer hotel. Ao invés disso, Bhagwan e seus companheiros foram trancados numa cela, pequena, suja, cheia de refugiados.
Da Inglaterra, Bhagwan e seu grupo dirigiram-se para Irlanda, onde obtiveram visto de turista. Na manhã seguinte, a polícia chegou ordenando-lhes que partissem imediatamente. Entretanto, foi impossível cumprir essa determinação porque o Canadá negara permissão para pouso e reabastecimento em Gander, escala necessária para chegar a Antígua, no mar do Caribe. Essa recusa foi feita apesar do termo de responsabilidade firmado pelo Lloyds de Londres, garantindo que Bhagwan não sairia do avião.
Ele pode permanecer na Irlanda até que novas providências fossem tomadas, contanto que não houvesse qualquer publicidade.
Durante essa espera, Antígua resolveu suspender a permissão de entrada para Bhagwan. A Holanda, ao ser consultada, também rejeitou Bhagwan. A Alemanha já aprovara um “decreto preventivo” não permitindo que Bhagwan entrasse no país. Na Itália, seu pedido de visto de turista ficou em suspenso – e na verdade não foi concedido até hoje.
No último momento, o Uruguai apareceu com um convite, e assim, Osho e seus devotos e companheiros de viagem voaram para Montevidéu, via Dakar, Senegal. O governo do Uruguai chegou mesmo a aceitar a possibilidade de conceder-lhe residência permanente.
Entretanto, foi no Uruguai que se descobriu a razão pela qual ele vinha sendo banido em todos os países nos quais tentara entrar: um telex com “informações diplomáticas secretas” (todos oriundos de países ligados à OTAN) mencionando rumores da INTERPOL envolvendo Bhagwan e seu grupo em “contrabando, tráfico de drogas e prostituição”, haviam invariavelmente precedido sua chegada aos países que possivelmente iriam hospedá-lo. Descobriu-se que a fonte dessas histórias eram os Estados Unidos. Em pouco tempo, o Uruguai começou a sofrer essa mesma pressão.
Na véspera da conferência de imprensa para anunciar o direito de residência permanente a Bhagwan no Uruguai, o presidente Sanguinetti recebeu um telefonema de Washington D.C. dizendo que se Osho permanecesse no Uruguai, os empréstimos americanos correntes, num montante de seis bilhões de dólares, seriam resgatados e todos os empréstimos futuros cancelados. Bhagwan teve de deixar o Uruguai em 18 de Junho de 1986. No dia seguinte, Sanguinetti e Ronald Reagan anunciavam um novo empréstimo dos EUA ao Uruguai, de cento e cinqüenta milhões de dólares.
A Jamaica concedeu um visto de dez dias a Osho. Momentos após a aterrissagem, um jato da marinha norte-americana aterrissou próximo ao jato particular de Bhagwan, e dele desceram dois civis. Na manhã seguinte, estavam cancelados os vistos de Osho e seus companheiros, “por motivos de segurança nacional”.
Bhagwan voou para Lisboa, via Madri, e lá permaneceu “não descoberto” por algum tempo. Algumas semanas mais tarde, policiais cercaram a casa de campo onde ele descansava. Osho decidiu retornar à Índia no dia seguinte, em 28 de julho de 1986.
Ao todo, vinte e um países o haviam deportado ou impedido sua entrada.
Osho: de volta para casa (Biografia de Bhagwan Shree Rajneesh – Parte 5)
De volta à Índia (1986 – 1988)
Julho de 1986 a Janeiro de 1987: Bhagwan chegou a Bombaim, Índia, onde se estabeleceu por seis meses, como hóspede pessoal de um amigo indiano. Na privacidade da casa de seu anfitrião, ele retornou seus discursos diários.
1987: Osho mudou-se para a casa do ashram em Puna, onde vivera durante a maior parte dos anos 70.
Imediatamente após sua chegada, o chefe de polícia de Puna ordenou-lhe que partisse, sob a alegação de que Bhagwan era uma “pessoa controvertida”, que poderia “perturbar a tranqüilidade da cidade”. Essa ordem foi revogada no mesmo dia pelo tribunal superior de Bombaim.
O mesmo hindu fanático que, em maio de 1980, tentara assassinar Osho, atirando-lhe uma faca durante uma de suas palestras públicas, começou a fazer ameaças de invadir o ashram com 200 homens, treinados em artes marciais, caso Bhagwan não fosse expulso de Puna.
Ao mesmo tempo, as embaixadas indianas pelo mundo e os funcionários da imigração no aeroporto de Bombaim começaram a recusar a entrada de ocidentais “seguidores do Acharya Rajneesh”.
1988: No momento em que estamos escrevendo, apesar das tentativas dos governos do “mundo livre” de isolar Bhagwan em um virtual exílio interno, milhares de discípulos conseguiram viajar para Puna para estarem com o seu mestre uma vez mais.
*Fonte: Rajneesh, Bhagwan Shree. A Nova Criança. Eco: Rio de Janeiro, 1988.
Apêndice: Os últimos anos de vida (1988-1990)
Osho permaneceu em Puna até que deixou o seu corpo em 19 de janeiro de 1990. Em seu epitáfio, lê-se:
“OSHO.. Nunca nasceu…nunca morreu…apenas visitou este planeta Terra entre 1931 e 1990.”
Fontes:
Rajneesh, Bhagwan Shree. A Nova Criança. Eco: Rio de Janeiro, 1988.
Verbete do Osho na Wikipedia
Site oficial: Osho.com
Fotos: Movimento pela Paz e ex-tenso
Insights de OSHO por Suresh
- Celebração
- O Louco
- Rosa Mística
- A libertação das crianças
- Receptividade
- Osho não é Religião
- O Prazer é Desnecessário
Wild Wild Country: Osho e a comunidade alternativa no Oregon, EUA, na nova série da Netflix
por Gabriel Dread Siqueira | 22/04/18 | Cultura e Música, Ecovila, Espiritualidade
Wild Wild Country, série documentário da Netflix, conta a criação de uma comunidade alternativa dos seguidores de Osho no Oregon, EUA.
“Você precisa ver para crer”. Esta produção original da Netflix fala sobre Osho, ou Bhagwan Shree Rajneesh, líder espiritual controverso que inspirou a construção de uma comunidade alternativa utópica no deserto de Oregon, Estados Unidos, entre 1981 e 1985, o que resultou em um conflito com os locais que acabou escalando até se tornar um escândalo internacional.
A série documental, lançada em 16 de Março de 2018, é dirigida pelos irmãos Maclain e Chapman Way e estrelada por Ma Anand Sheela (Sheela Biernstiel), a secretária pessoal e porta-voz oficial de Bhagwan no período em que eles estiveram vivendo nos EUA. Essa comunidade hippie do Rajneesh e seus seguidores é um exemplo de comunidades alternativas que iriam se transformar em ecovilas a partir da década de 1990.
ATENÇÃO: Essa crítica contem alguns spoilers do documentário Wild Wild Country. Mas não é nada que vá estragar sua experiência de assistir a série.
A chegada de Osho nos Estados Unidos já começa encoberta em mistério. Seus seguidores afirmam que Rajneesh estava na época com problemas de saúde, e que precisou emigrar da Índia para os EUA para fazer um tratamento na coluna. Essa versão dos fatos é omitida pelos irmãos Way (a primeira omissão de muitas), que preferem trabalhar com a narrativa que Bhagwan e seus seguidores fugiram de seu Ashram em Puna por causa de conflitos locais e problemas legais.
Em 1981, Osho envia sua nova secretária pessoal, Ma Anand Sheela, para comprar um terreno nos EUA e instalar sua nova comunidade intencional. A escolha pelos EUA se deu por causa da Constituição americana, que garante liberdade religiosa. Na avaliação de Rajneesh e seu séquito, a carta magna estadunidense traria a segurança jurídica que eles precisavam para realizar sua comunidade utópica.
Nessa época, Rajneesh faz voto de silêncio, e o vácuo de poder deixado por ele é assumido por Sheela. Logo de início o conflito com a comunidade local de Antelope já é evidente. Mas a maneira nada diplomática com que a secretária de Osho lida com a situação leva a uma escalada que resulta no maior caso de grampo de residências dos EUA, o primeiro ataque terrorista biológico em solo americano e uma conspiração para assassinar um procurador federal estadunidense.
Mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Depois de mostrar os últimos dias de Osho nos EUA antes de ser deportado para nunca mais voltar, o documentário segue o guru e seu grupo de volta à Índia. Sua morte, em 1991, deixou no ar uma teoria da conspiração, pois muitos de seus seguidores acreditam que Osho morreu envenenado pelo governo americano.
Resenha Crítica de Wild Wild Country
Nota: 9
Recomendo a série Wild Wild Country, da Netflix, mas com ressalvas. O documentário é bem produzido, tem cenas incríveis de uma história extraordinária. Os problemas que encontrei são comuns à grande maioria dos filmes de Hollywood e séries produzidas pelo serviço de streaming: a premissa, oculta, e o posicionamento político defendendo o American Way a qualquer custo.
Preciso reconhecer que tenho um lado nessa história. Eu sou #TeamOsho, ao contrário dos produtores de Wild Wild Country, os irmãos Mark Duplass & Jay Duplass. Minha aproximação com a história do Osho veio da meditação dinâmica desenvolvida por ele. Pratiquei a Meditação Ativa, ou Dinâmica, apenas algumas vezes, entre os anos de 2004 e 2008, mas foram experiências bastante intensas. Depois disso, li e assisti alguns de seus discursos e me encantei com suas mensagens e seu estilo irreverente e contundente.
[vc_row][vc_column][vc_cta h2=”Nota do editor” h4=”Refletindo sobre qual o meu ‘time’ nessa história, cheguei à conclusão que não sou #TeamOsho. Eu sou #TeamSannyasis. Explico: eu estou do lado dos 4.990 moradores da comunidade Rajneeshpuram que não foram mostrados no documentário, as pessoas comuns que estavam trabalhando duro para criar na matéria aquilo que sonhavam, alheios às artimanhas políticas do círculo interno de Osho. Sobre gurus e discípulos, eu não consigo explicar racionalmente como é possível que ainda exista essa relação de subserviência em pleno século XXI.” color=”blue” ][/vc_cta][/vc_column][/vc_row]
O que Wild Wild Country retrata é um fato histórico inédito, a criação de uma comunidade alternativa no meio do nada, de forma muito rápida, com voluntários devotos, sem motivação financeira (se foram manipulados ou não, fica pra outro momento).
Pena que os documentaristas tinham uma agenda: criminalizar o movimento inovador, insano e multiplas vezes transgressor, inspirado por Osho. A questão central do documentário é o conflito entre comunidade tradicional e os chegantes alternativos. Esse é um tema importante em comunidades e ecovilas, mas não é extraordinário.
Me lembrou o documentário “O Início, o Fim e o Meio” sobre a vida de Raul Seixas, que ficou mais preocupado em contar as picuinhas com ex-mulheres do que em abordar a obra genial do artista. Um grande desperdício de material riquíssimo.
Já de largada, achei a introdução da série sensacionalista e, em vários momentos, desnecessária para a narrativa que se descortinava. Apresentar Sheela, a secretária de Osho, como vilã, e os rednecks oregonianos como vitimas, já dá o tom da baixaria que vem pela frente.
“A Sheela, de fato, foi taxada de vilã (não sei se de forma injusta ou não), o que não me impediu de “admirar” sua personalidade”
Thiago Costa
Uma das principais falhas do documentário Wild Wild Country é não dar muita voz ao Bhagwan (Osho). Outra falha grave é só retratar a meditação dinâmica dele como uma perversão, sem contextualizar nada.
Em um segmento do documentário, são mostradas algumas cenas de meditação dinâmica (sem nunca mencionar o nome nem explicar nada) em que um grupo de pessoas parecem muito loucas gritando, chorando, peladões, em estado de catarse.
Pra quem já praticou meditação dinâmica do Osho, aquilo é ofensivo pelo motivo oposto do que choca os conservadores. Eu fiquei com asco do cara que filmou cenas tão íntimas, divulgou e violou a privacidade do grupo para criminalizar a prática, sem explicar nada.
Se a série não era sobre as terapias, não deveria ter mostrado as sessões de forma tão descontextualizada. Era melhor nem ter mostrado nada.
O que eu interpretei como criminalização de Osho foi o fato que não contextualizaram a Meditação Dinâmica, não deram voz à filosofia e à mensagem dele. A meditação é MUITO LOUCA! Mas ela faz muito sentido para quem está praticando. Aquela gritaria e as gargalhadas histéricas fazem parte de um processo que precisa ser vivenciado pra ser compreendido (Apesar de que eu nunca tinha visto ninguém fazendo meditação dinâmica pelado).
Mas para além da mensagem de Osho e de sua Meditação Dinâmica, um dos aspectos mais interessantes da história contada em Wild Wild Country poderia ter sido melhor explorada: o processo de criação da comunidade alternativa Rajneeshpuram em Antelope, município de 40 habitantes no interior do Oregon, EUA.
A Comunidade Alternativa Rajneeshpuram, de Osho e seus seguidores, em Oregon, EUA
A cidade de Rajneeshpuram se instalou no Big Muddy Ranch (Rancho da Grande Lama, em tradução livre), no município de Antelope, condado de Wasco, no Oregon central, no oeste dos EUA. A fazenda era imensa, tinha 64.229 acres (25.993 hectares), e custou U$5,75 millhões na época, o equivalente a U$15,5 milhões hoje.
Em apenas três anos, os neo-sannyasins (seguidores de Rajneesh, também chamados de Rajneeshees) desenvolveram a comunidade alternativa, transformando o abandonado sítio desértico em uma vila que chegou a abrigar 7.000 moradores permanentes e recebeu 20.000 visitantes durante os Festivais Anuais de Osho.
Além de casas para moradia, a infraestrutura de Rajneeshpuram contava com corpo de bombeiros, delegacia, restaurantes, centro de lojas, correio, um aeroporto particular, sistema público de transporte coletivo de ônibus, estação de tratamento de esgoto e reservatórios de água.
Acompanhar o documentário é uma excelente oportunidade para fazer um estudo profundo da dinâmica social de grupos humanos, analisar a formação de uma comunidade alternativa em grande escala, e compreender a maneira como lidam com conflitos e maximizam a capacidade de realização coletiva.
Sociedades alternativas como essa de Osho em Oregon, EUA, são laboratórios de experimentação de novas formas de nos relacionarmos com nós mesmos e com o meio ambiente.
“Acredito que Jonestown teve um processo semelhante, como saíram dos EUA fugidos e criaram inclusive administrações específicas (tipo de plantio, educação, etc).”
Mari Messias
O projeto de Jonestown teve um início semelhante ao de Rajneeshpuram, mas partindo de motivações diferentes. O Jim Jones era o centro da seita, daí o nome Jonestown. Ele começou nos EUA criando uma igreja cristã em um bairro de integração racial, por isso Jonestown tinha mais negros que brancos.
Jim Jones tinha uma abordagem moralista e profética que pregava o Fim dos Tempos. Já Osho era quase um anti-guru, falava para as pessoas não seguirem ele e desfrutava de todos os luxos e prazeres carnais que o mundo material pode proporcionar. Mas nenhum dos dois trouxe a resposta para a pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais.
Quanto aos boatos e múltiplas acusações que recaem sobre Osho e seus seguidores, eu acho que tudo é possível. Comunidades que chegam a esse estado de paranoia são capazes de quebrar valores éticos e morais em nome do coletivo, por uma sobrevivência desesperada. As práticas de Osho eram questionáveis, e sua mensagem muitas vezes beirava o absurdo e criminoso.
Nas experiências que vivi em comunidades e o que observei nas pesquisas acadêmicas que realizei nas ecovilas do Brasil, percebi que a lógica de que os fins justificam os meios é forte nesses contextos, e entra em conflito com valores elevados como solidariedade e compaixão.
No entanto, nunca observei extremismos tão alucinados quanto aqueles atribuídos aos discípulos de Osho. Mas já contemplei o caminho que leva à suspensão dos valores superiores em detrimento da sobrevivência.
Eu queria ver uma série sobre a comunidade que o Osho inspirou a ser construída de forma nunca antes vista por um coletivo de devotos voluntários. A Sheela é um personagem importante? Sem dúvida. Mas a história toda é muito mais interessante do que os crimes dela.
Sexismo em Wild Wild Country
Os diretores, Maclain e Chapman Way, afirmam que o documentário não é sobre Osho. No entanto, todo o material promocional da série traz o rosto do guru indiano. Essa omissão é gritante. Se esquivar do Osho e focar na Sheela como vilã foi uma estratégia para deslegitimar o movimento e criminalizar tudo que foi feito. Na narrativa do documentário, Bhagwan ficou como sujeito oculto de toda a história, o que o coloca no papel de eminência parda.
Eu não concordei com a narrativa escolhida pelos documentaristas, que deu o tom à obra. Tem muita acusação que é levantada sem comprovação. Essa polarização reducionista do roteiro, em um extremo a Sheela e no outro os velhinhos de Oregon, esvaziou muitas outras questões na história que eram mais interessantes, no meu ver.
Não quero defender Sheela e seu pequeno grupo, nem diminuir seus crimes. Mas pegar essa história incrível e dar o enfoque que foi dado é um grande desperdício, na minha opinião. No entanto, sei que picuinha vende mais e que o povo gosta mesmo é de ver as intrigas, o crime e o exagero.
Mas também é importante reconhecer que a escalada da treta só piorava com Sheela (e provavelmente Osho) jogando mais lenha na fogueira, provocando e fazendo declarações agressivas na mídia, numa total falta de estratégia política.
“Concordo com a maioria da tua visão. Porém, sou
#TeamSheela talvez por ser mulher, fiquei muito decepcionada com a forma que ele a expos, humilhante, vingativa, e acabou sendo um tiro no pé do movimento abrindo a porta para investigação. :/ ”
MyDarshans
“Pessoas buscando algo maior q elas, e no final essa pessoal iluminado é só humano também. Osho se achando “awaken” e dizendo que Sheela fez tudo isso pq ele não transou com ela. Me poupe!”
Mariana Maciel
Pessoalmente, achei que Osho, além de aproveitador, foi muito mal caráter ao voltar a falar em público somente para crucificar Sheela. Sabemos que Bhagwan passou 4 anos caladinho no palco, mas diariamente ele assoprava no ouvido de sua secretária pessoal e porta-voz, incentivando a estratégia agressiva de combate aos rednecks americanos vizinhos à comunidade.
“ACHEI O OSHO ILUMINADO NESTE MOMENTO. POR HEIN, FEITO NAQUELE FILME “O ILUMINADO” DO STEPHEN KINGUE”
RaUL_AMDERLAINE
Vi machismo no tratamento de Osho a Sheela, mas vi machismo também na maneira como ela é primeiro apresentada pelos documentaristas no episódio um da série Wild Wild Country.
Não que o machismo de Bhagwan seja novidade. Muito do que Osho afirmava soa absurdo e fora de contexto, hoje, a exemplo de sua defesa do estuprador como uma vítima da sociedade repressora, e a culpabilização de mulheres estupradas como se elas tivessem um desejo íntimo de serem violadas. Inaceitável e criminoso, assim não dá pra defender Rajneesh não.
“Senti falta de trazer à tona essa questão do estupro. Como mulher, feminista, que trabalha com questões relacionadas há 7 anos, é meu propósito não deixar de falar quando acho que podemos iluminar questões como essas. Até hoje, gurus e famosos fazem apologia ao estupro, ainda que de forma velada. Não tem como excluir isso da vida e história do Osho. Falar sobre isso é um ato de respeito às mulheres de hoje que ainda seguem, de alguma forma, o guru.”
Estela Rocha, criadora do Movimento #empoderamentodamulher
Gentrificação e o conflito entre nativos e colonizadores
“Eu adorei o documentário. Não julguei os Sannyasis. Cada um faz o que quer. Só que a briga ficou feia porque a Sheela era sangue nos olhos. Se o Osho sabia, não é provado nem a série sugeriu culpa. Eu não achei que o Osho foi vilanizado. A Sheela foi. Mesmo porque espalhar salmonela cultivada em laboratório numa cidade é coisa de vilão de quadrinhos. Aliás, eu entendi a briga dos Rednecks com a comunidade como uma disputa de tradições. Briga de condomínio.”
Alexandre Ottoni, o Jovem Nerd
Existe algo nessa disputa retratada em Wild Wild Country que é arquetípico. A vila de 4.000 habitantes aqui próximo de onde moro tem exatamente a mesma treta: chegantes versus nativos. Em ecovilas isso invariavelmente acontece. Essa tragédia se repete na história humana. Há muita riqueza em observar isso.
Algo que também parece se repetir é a presunção dos “chegantes”, com suas verdades ungidas. Em contrapartida, os locais parecem tender a adotar posturas conservadoras e xenófobas. É impressionante como esses temas são humanos.
O foco nessa disputa entre sannyasis e rednecks acaba sendo um dos principais pontos da série da Netflix Wild Wild Country. O conflito entre os moradores de Antelope e o grupo de seguidores de Osho representa um dos maiores conflitos humanos do século XXI, a gentrificação. Precisamos superar essa encruzilhada se queremos uma sociedade inclusiva e justa pra todos.
A mensagem de Osho e a autorrealização de seus seguidores
Wild Wild Country passa longe de revelar o que Rajneesh ensinava e acreditava. O foco da mensagem de Osho era elevar a consciência da humanidade, para que cada um enxergasse quem realmente é. Ele era engraçado, moderno e provocativo, um filosofo versado em ocultismo, religiões orientais e ocidentais, denunciando todas as religiões do hinduísmo ao Cristianismo.
Para além dos absurdos, como apologia ao estupro que comentei antes, Osho também falava muita coisa interessante e transgressora. Sobre sexo, por exemplo:
“Todas as religiões destruíram a sacralidade do amor – eles taxaram isso de pecado e o condicionamento entrou tão profundo na mente humana que as pessoas hoje fazem sexo de maneira apressada – como se quisessem terminar o mais rápido possível. Claro, se é um pecado, é melhor que acabe logo.”
Osho
Outro fato notável é que boa parte de seus seguidores se autorrealizaram, tanto na criação e gestão da comunidade alternativa Rajneeshpuram, quanto depois disso, de volta ao Ashram em Puna, na Índia.
“Amizade é o tipo de amor mais puro que existe. É a forma mais elevada de amor, onde nada é esperado, não há nenhuma condição estipulada, em que uma pessoa simplesmente se realiza doando.”
Osho
Apesar do pânico moral dos americanos cristãos conservadores, e da maneira como o movimento foi taxado de culto e demonizado, o que se observa é que os seguidores de Osho permanecem fiéis a ele até hoje. A maioria dos “laranjinhas” entrevistados em Wild Wild Country afirma que viveu os melhores anos de sua vida na comunidade alternativa. O advogado Philip Toelkes (Swami Prem Niren) é um dos mais entusiasmados discípulos de Osho, até hoje!
Aqueles que participaram dessa aventura da criação da comunidade alternativa Rajneeshpuram na década de 1980 parecem com qualquer outro adulto de meia idade progressista gringo. Mas eles ainda falam de maneira radiante, com lágrimas nos olhos, sobre sua vida comunitária e o impacto que Bhagwan Shree Rajneesh, posteriormente conhecido como Osho, teve em suas vidas.
Viver uma vida alternativa já era possível em 1981. Criar o estilo de vida que queremos é imediatamente alcançavel a todos que desejam empreender essa aventura!
Ficha Técnica de Wild Wild Country
Título original: Wild Wild Country
Lançamento: 16 de Março de 2018
Direção: Maclain Way & Chapman Way
Estrelando: Rajneesh Shree Bhagwan (Osho), Ma Anand Sheela e George Meredith (Swami Devaraj)
Episódios: 6
Duração: 64 – 71 minutos
País de origem: Estados Unidos
Gênero: Documentário
Produção: Mark Duplass & Jay Duplass
Distribuidora: Netflix
Nota: 9
Assista o trailer:
A série completa Wild Wild Country está disponível na Netflix. Acesse: https://www.netflix.com/title/80145240
Sobre a Netflix
Netfliex é a maior rede de televisão pela internet do mundo, com mais de 117 milhões de membros em mais de 190 países aproveitando mais de 125 milhões de horas de filmes e programas de TV por dia, incluindo séries originais, documentários e filmes longa metragem. Clientes da Netflix podem assistir tudo que quiserem sob demanda, a qualquer momento, em qualquer dispositivo com tela e internet. Sem intervalos comerciais.
Imagens: Wild Wild Country poster da Netflix (Fair use),Sannyas Wiki, Racked, Dama.
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