O
príncipe hindu Sidarta Gautama, o iluminado
Conheça a fascinante história
do príncipe hindu, Buda
Caco de Paula
Meio milênio antes de Cristo, o príncipe
hindu Sidarta Gautama deixou seu luxuoso palácio e sua família para seguir os
passos da mendicância, do jejum, da meditação. E acabou criando uma religião
que crê no homem e que, hoje, influencia cada vez mais pessoas no Ocidente. Com
você, a fascinante história de Buda e de sua doutrina
Há 3 000 anos
começaram a se formar as principais filosofias e religiões que organizaram as
visões de mundo do homem contemporâneo. Alguns filósofos, como o alemão Karl
Jaspers, dão a essa época o nome de Era Axial. Axial diz respeito a eixo. Foi,
portanto, quando o homem começou a buscar o seu eixo. Ou, segundo Jaspers,
quando passamos a prestar atenção em nós mesmos. A Era Axial estende-se entre
os séculos VIII e II a.C. “Nessa época, as pessoas discutiam sobre
espiritualidade com o mesmo entusiasmo com que hoje se discute futebol”, diz a
escritora inglesa Karen Armstrong, uma das mais respeitadas estudiosas de
religião, autora de best-sellers como Maomé e Buda. Os historiadores ainda não
sabem o que causou esse despertar para a religião e para a filosofia, nem por
que ele se concentrou na China, no Mediterrâneo Oriental, na Índia e no Irã.
Acredita-se que com as sociedades agrícolas, mais estáveis, o homem ganhou
tempo extra para dedicar-se à contemplação.
O certo é que
todos os sábios desse período parecem seguir um caminho comum quando conclamam
seus contemporâneos a radicais mudanças em suas vidas. Do século VIII ao VI
a.C. os profetas de Israel reformaram o antigo paganismo hebreu. Na China dos
séculos VI e V a.C., Confúcio e Lao-Tsé chacoalhavam as velhas tradições
religiosas. Na Pérsia, o monoteísmo desenvolvido por Zoroastro expandiu-se e
influenciou outras religiões. No século V a.C., Sócrates e Platão encorajavam
os gregos a questionar até mesmo as verdades que pareciam mais evidentes. Tudo
acontecendo mais ou menos junto. E é bem no meio dessa era, no século VI a.C.,
que surge o criador do Budismo, uma das mais influentes religiões do mundo,
hoje com quase 400 milhões de adeptos.
No caldo da
primeva Era Axial, a Índia também passou por grandes transformações. Sua
cultura foi dominada pelos arianos, antigos povos nômades que teriam migrado da
Ásia Central 4 000 anos antes. A sociedade ariana dividia-se em castas:
brahmins, os sacerdotes; ksatriyas, os guerreiros e governantes; vaisyas, os
camponeses e criadores de gado; e sudras, os escravos ou marginais. O que
determina a inclusão em uma dessas classes é a hereditariedade – ou seja,
somente aquele que nasceu de mãe da casta bramânica podia realizar rituais e
curas. Para os brâmanes, a essência do universo está em Brahman, deus
primordial que se expressa em uma infinidade de outras deidades. Sua rígida
espiritualidade é expressa nas escrituras sagradas conhecidas como Vedas. Na
Índia dessa época, os sacerdotes tinham uma espécie de reserva de mercado. E,
assim como acontecia em outras regiões, surgiu uma revolta contra esses
sacerdotes e seus rituais – que incluíam sangrentos sacrifícios de animais.
Mas novos movimentos reinterpretavam as antigas tradições, procurando
afastar-se desses rituais e buscar outro tipo de sacrifício, mais interno, de
renúncia às coisas do mundo – aquela atenção a si mesmo descrita por Jaspers.
É nessa Índia em
ebulição espiritual que surge Sidarta Gautama, o Buda. Ele nasceu em 563 a.C.
em Lumbini, aos pés do Himalaia, em uma região que hoje pertence ao Nepal. Era
um aristocrata, da casta ksatrya, a dos guerreiros e governantes. Seu pai,
Shudodhana, era o rei do clã dos sakyas. Vem daí o outro nome pelo qual Sidarta
se tornaria conhecido: Sakyamuni, ou “o sábio silencioso dos sakyas”. O pai de
Sidarta, temendo que se cumprisse uma profecia segundo a qual ele se tornaria
um homem santo, cercou-o de luxos e prazeres, acreditando que se o mantivesse
ignorante sobre o sofrimento do mundo, iria afastá-lo do caminho espiritual.
Sidarta tinha um palácio para o inverno, outro para o verão e um terceiro para
a época das chuvas. Na adolescência, vivia cercado por belas moças, ocupadas em
diverti-lo em seus aposentos decorados com sugestiva arte erótica. Aos 16 anos,
escolheu-se uma noiva para ele, a bela Yashodhara, com quem teria um filho,
Rahula.
Pouca coisa
mudaria na sua vida até os 29 anos. Apesar de todo o luxo, Sidarta sentia-se
infeliz. Certo dia, contra a vontade do pai, saiu para passear fora do palácio
e se surpreendeu com quatro cenas que o tirariam para sempre daquela vida de
prazeres. Primeiro, viu um velho arqueado, de pele enrugada, movendo-se com
dificuldade. Depois, avistou um doente que sofria dores terríveis. Mais tarde,
cruzou seu caminho um cortejo fúnebre. Um morto era carregado por amigos e
parentes que choravam sua perda. Foi um choque e tanto para alguém que sempre
vivera protegido, sem se dar conta de que tudo que nasce também se degenera,
envelhece e morre. “A imagem que temos de Sidarta Gautama pelas antigas escrituras
é a de um jovem às voltas com problemas existenciais, angustiado por questões
ligadas ao mistério da vida”, diz o monge brasileiro Nissin Cohen, que traduziu
para o português o Dhammapada, uma das mais importantes escrituras budistas.
A quarta visão do
passeio de Sidarta foi um mendigo errante, esmolando por comida. Apesar da sua
pobreza, tinha porte ereto, feições radiantes e expressão de profunda
serenidade. Sidarta determinou-se a também abraçar uma vida santa e a buscar
uma resposta para o sofrimento que viu no mundo. Uma decisão como essa não era
tão incomum na Índia daquela época. Acreditava-se que somente quando se
abandona a vida doméstica e os laços afetivos para tornar-se um eremita ou
andarilho é que se conseguem as respostas para a busca espiritual. Essa busca
tinha um objetivo específico. A maioria da população indiana acreditava em
alguma forma de renascimento ou transmigração, em um ciclo interminável que
começa no nascimento, passa para a velhice, a morte e recomeça em novo
nascimento. O ideal que todos desejavam era algo capaz de pôr fim a esse ciclo,
que pudesse libertar o espírito desse movimento circular.
Sidarta
abandonou o palácio enquanto todos dormiam. Saiu de fininho, sem ao menos se
despedir da mulher e do seu pequeno filho. O príncipe logo aprendeu a dormir no
chão e a esmolar por comida. Além da mendicância, a vida de filósofo-andarilho
(ou sramana) incluía práticas de meditação. Na sua busca, ele se aproximou de
dois famosos mestres e rapidamente chegou aos últimos estágios de absorção
contemplativa propostos por eles. Mas ainda não atingira a suprema realização
que buscava. Dedicou-se então à automortificação. As práticas ascéticas são
comuns às formas primitivas da maior parte das religiões, inclusive no
Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. O que está por trás da autoflagelação é a
idéia de que um rígido controle dos sentidos desenvolve a autodisciplina e
transfere o máximo de energia corporal para a atividade mental.
Durante seis
anos, Sidarta experimentou privações e dores. Mudou radicalmente a alimentação,
ampliando o período entre as refeições. De uma por dia, passou a uma a cada
dois dias, três, quatro, até alimentar-se somente a cada 15 dias. Depois,
diminuiu a quantidade até chegar à ração diária de um único grão de arroz.
Simultaneamente, fazia experiências psicológicas, analisando em si mesmo certas
emoções que, acreditava, só poderia eliminar completamente se as observasse em
profundidade. Para analisar o medo e meditar sobre a impermanência, passava
noites deitado entre cadáveres e esqueletos num cemitério. Ainda assim, não
alcançara sua realização final. O próprio Sidarta descreve os efeitos dos
jejuns: “Quando eu pensava estar tocando a pele do meu abdomem, era a minha
coluna que eu segurava”. Abandonou essas práticas quando já era quase só pele e
ossos. Sua experiência provou que a autoflagelação embota a mente em vez de
favorecê-la.
Ele intuiu,
então, que o caminho para a libertação não estava nos excessos de ascetismo,
nem nos da sensualidade, mas em um ponto de equilíbrio entre eles. Vem daí a
expressão “caminho do meio”, um dos pilares do Budismo.
Sidarta voltou a
comer. Segundo conta-se, uma porção de arroz e leite oferecida por uma jovem
que o encontrou quase morto à beira de um rio. Dias depois, recuperado, preparou
um assento de capim sob uma figueira – que ficaria conhecida como a árvore
bodhi, ou árvore da iluminação – na região de Bodhgaya, no norte da Índia.
Decidiu então que ou atingiria a iluminação ali ou morreria. Mesmo para um alto
praticante como ele, surgiram obstáculos. Alguns relatos os descrevem na forma
de tentações e demônios, como Mara, deus indiano da morte. São imagens que
simbolizam os obscuros medos reprimidos, fragmentos de memória, dúvidas,
fantasias e outros conteúdos mentais tão persistentes e familiares a quem já
tenha tentado alguma prática meditativa. Sidarta transpôs esses obstáculos e,
serenamente, dominou todos os estágios de meditação. Como fez isso? As
escrituras dizem apenas que ele permaneceu imóvel diante das investidas de Mara.
Mas há uma pista nas técnicas para lidar com esses conteúdos mentais.
Uma delas é a
meditação de ponto único. Nela, a observação concentra-se em um objeto
específico (a respiração, por exemplo), controlando ou suspendendo
temporariamente o fluxo dispersivo de pensamentos.
Assim, Sidarta
tornou-se um Buda numa noite de lua cheia no mês de maio, quando tinha 35 anos.
Buda não é um nome próprio, mas uma palavra em sânscrito que significa “o
Desperto” ou “o Iluminado”. Esse título passou a definir a condição de Sidarta
Gautama e ficou ligado ao seu nome, da mesma maneira como o título de Cristo
(“Salvador”) associou-se ao nome de Jesus.
O detalhamento
dessa experiência sob a figueira tornou-se o corpo dos seus ensinamentos, cuja
essência é não fazer o mal, praticar o bem e purificar a mente. Buda ampliou o
conhecimento sobre a mente humana e acreditava ter descoberto uma verdade
profunda que lhe permitiu viver grande transformação interior e conquistar a
imunidade ao sofrimento. Depois da sua iluminação, passou 45 anos ensinando
outras pessoas a fazer o mesmo e organizou comunidades de monges só homens. No
início, o próprio Buda não era favorável à admissão de mulheres em sua ordem.
Parece que sua preocupação era com a dispersão que a presença delas pudesse
representar em uma comunidade que tinha como um de seus pilares o total
controle dos desejos. Mas acabou mudando de idéia.
A grande
novidade trazida por Buda em sua época foi a idéia de que a vida espiritual,
como capacidade de conhecer a si mesmo, não tem nada a ver com as restrições de
casta impostas pelos brâmanes. Foi um salto e tanto para a estrutura social da
Índia, que aceitou prontamente essa religião tolerante. Buda diz que todos os
seres humanos têm vislumbres de iluminação. Isso acontece nos momentos em que
aquele insistente e auto-referente “eu” não interfere, quando a mente não se
prende ao passado, não sonha com o futuro e se envolve apenas com o momento
presente. Esses vívidos momentos de ligação com o aqui-e-agora contrastam com a
mente habitual. Eles surgem como relances fugidios, mas podem também ser
voluntariamente induzidos pelo processo meditativo. Aí está o fim do
sofrimento, a iluminação, o nirvana.
A essência dos
ensinamentos budistas está nas práticas meditativas, que se fundam em tradições
anteriores ao próprio Buda. Na meditação busca-se cessar a atividade mental
ininterrupta, na qual pensamentos e fantasias bloqueiam a experiência direta e
intuitiva. Na maior parte do tempo alimentamos pensamentos que podem nos deixar
ansiosos, frustrados, com mágoa, raiva, ressentimento ou medo. Tragada por esse
vórtice de sensações, nossa atenção perde o foco. É por isso que, muitas vezes,
comemos sem sentir o sabor do alimento, olhamos uma pessoa sem vê-la de fato.
Por quase meio século, Buda viveu cercado de multidões às quais receitava
antídotos para essa dispersão, como a chamada “atenção plena”, prática que
consiste em dispensar o máximo de atenção a tudo o que se faz – e que está na
base de várias técnicas meditativas.
Buda morreu por
volta de 483 a.C., depois de um acesso de disenteria que teria sido causado
pela ingestão de carne de porco. Há algo menos divino – ou tão demasiadamente
humano – do que morrer de dor de barriga? Sua doutrina foi transmitida através
de numerosas linhagens de mestres que se espalharam por vários países. Quando
morreu, seus ensinamentos estavam bem estabelecidos na região central da Índia.
Havia muitos seguidores leigos, mas o coração da comunidade eram os monges
mendicantes, os bhiksus. Sua doutrina se espalhou por uma poderosa rede de
mosteiros e tomou diversas formas, adaptando-se a diferentes situações
históricas e culturais. Essa característica flexível do Budismo seria
determinante para sua difusão. Por ser ele mesmo mutável e impermanente, o
Budismo tem um mecanismo interno que barra o fundamentalismo – risco presente
em outras religiões, cuja história está manchada de sangue.
“Não deveis
aceitar nada por ouvir falar, tampouco porque está nas escrituras”, disse Buda
em um discurso. Como sua ênfase é a compaixão, o Budismo não define a si mesmo
como solução melhor que qualquer outra. O Budismo primitivo, a rigor, nem era
uma religião, mas um conjunto de práticas morais e mentais. No que diz respeito
à meditação, essas práticas podem ser vistas como simples técnicas, que não
implicam em compromisso com nenhum tipo de religiosidade.
Como resultado
da sua expansão, cerca de 300 anos depois da morte de Buda, o Budismo já se
dividia em 18 escolas. Seus ensinamentos, mantidos por transmissão oral, agora
estavam escritos. Vários concílios foram organizados para dar homogeneidade às
escrituras das diversas escolas. Um deles, realizado no século III a.C.,
resultou no chamado Cânone Páli, o registro mais antigo dos ensinamentos
budistas. Pouco depois, o Budismo dividiu-se em duas tradições, cada uma delas
afirmando-se como possuidora do verdadeiro sentido da palavra de Buda. A
tradição Theravada, ou “à maneira dos antigos”, que se baseava exclusivamente
nos textos escritos na língua páli, espalhou-se pelo sudeste da Ásia. Para o praticante
Theravada, Buda não era um deus, mas sim um grande sábio. O objetivo do caminho
Theravada é iluminação individual.
A outra tradição
é a Mahayana (literalmente “Grande Veículo”), que se instalou sobretudo na
China, Coréia e Japão. A base de seus ensinamentos também está na prática da
meditação. No Budismo Mahayana, porém, Buda já não é apenas um sábio, mas uma
divindade reverenciada. Assim como os chamados bodhisatvas, seres considerados
iluminados, que adiam sua entrada no nirvana para poder ajudar na iluminação de
outros. Foi no âmbito das escolas Mahayana que mais se desenvolveram os
aspectos sobrenaturais e imaginários do Budismo. Sidarta, ou Buda Sakiyamuni,
jamais se apresentou como um enviado, salvador ou reencarnação de quem quer que
fosse. Nos seus discursos não há referência sequer ao fato de que existe
reencarnação. Ele não disse palavra a favor ou contra a idéia de Deus.
O conceito de
buda já não se restringia a Sidarta, o Buda Sakyamuni. Passou a definir um
princípio fundamental de iluminação espiritual. Sakyamuni já não era mais “o”
buda, mas sim “um” buda. As tradições orientais sustentam que houve muitos
budas no passado e que ainda haverá muitos outros no futuro. Ampliando o
conceito de que há tantos budas quanto grãos de areia, esse Budismo pop
expandiu-se amigavelmente pelo Oriente, incorporando uma infinidade de
arquétipos ou divindades locais (ao contrário das religiões abraâmicas, que
demonizaram os deuses das culturas dominadas). Isso explica por que existem
tantas imagens diferentes do Iluminado. Quando ele é representado como um
asceta esquelético, refere-se ao Sidarta da fase pré-Buda. Quando mostrado como
um meditador sereno, é o Buda Sakyamuni.
Se a figura for
a de um sujeito gorducho e sorridente, quase sempre trata-se de uma divindade
local, geralmente símbolo de prosperidade, na China e no Japão. O mesmo ocorre
com os dhianybudas, ou budas da meditação, aos quais se atribuem significados
ocultos. Ou com as 21 belas figuras da jovem Tara – representação do aspecto
feminino e compassivo de Buda, cultuada na tradição tibetana. Também vêm do
Tibete as famosas imagens de budas em abraços sexuais com suas consortes, um
símbolo da unidade entre iluminação e sabedoria.
Apesar do grande
florescimento que teve em sua terra natal, o Budismo foi varrido da Índia em
decorrência das invasões dos hunos no século V d.C. e dos islâmicos nos séculos
XII e XIII. A corrente que mais se expandiu foi a Mahayana, por ser menos
ortodoxa que a Theravada. O maior desenvolvimento do Budismo aconteceu na China,
onde chegou no século I d.C., e, depois, na Coréia e no Japão. Seu encontro com
as tradições chinesas deu origem à escola de meditação Ch’an e, mais tarde, no
Japão, ao Zen Budismo. “Zen” é uma palavra japonesa derivada do chinês ch’an,
que vem do sânscrito dhyana – técnica que, segundo a psicologia do yoga, conduz
a um elevado estado de consciência em que o homem une-se com o universo. Os
chineses preferiram encontrar essa união no trabalho cotidiano, em vez de na
meditação solitária numa floresta, como o próprio Sidarta.
O Zen é um dos
mais importantes herdeiros da vertente Mahayana -– só equiparado pela corrente
Vajrayana, que se desenvolveu no Tibete. Chamado de “Caminho do Diamante”, o
Vajrayana tem suas origens encravadas em textos budistas do século II,
registrados nos chamados tantras, escrituras esotéricas sobre a transformação
da mente através de meditações, visualizações e ritos. Essa linha surgiu no
norte da Índia há cerca de 2 000 anos e hoje é seguida pela tradição tibetana.
O Budismo só penetraria
no Ocidente a partir do século XIX, com o estudo das culturas da Índia e a
publicação de O Mundo como Vontade e Idéia. Nesse livro, o alemão Arthur
Schopenhauer (1788-1860), que influenciaria muitos outros filósofos, como
Friedrich Nietzsche, mergulha nos ensinamentos budistas. O Budismo também
chegou à Europa e à América junto com os imigrantes chineses e, depois,
japoneses. Mas foi somente com a chegada de mestres Zen, nos anos 30 do século
XX, que algumas das principais idéias budistas começariam a ter maior difusão
ocidental. Para a mentalidade judaico-cristã, que tem sua solução religiosa na
pessoa externa de um pai divino, um grande motivo de estranhamento – e de
fascínio – causado pelo Budismo talvez seja a idéia de um caminho espiritual que
depende, em última instância, apenas do esforço de cada pessoa. O Budismo
sustenta que o mundo é uma projeção da mente e que, portanto, o homem não
poderá encontrar no exterior aquilo que não possua dentro de si mesmo.
Nos anos 40 e
50, os livros sobre Zen escritos pelo inglês Alan W. Watts (1915-1973)
influenciaram os escritores da geração beat, como Jack Kerouac e Allen
Ginsberg, gurus dos movimentos que iriam chacoalhar os anos 60, como a
contracultura e os hippies. Com a invasão do Tibete pela China, em 1959, e a
Guerra do Vietnã, nos anos 60, mestres budistas desses países migraram para o
Ocidente, onde abriram vários centros de meditação. Estava traçado o caminho
que levaria o Budismo para a Califórnia e os estúdios de Hollywood, atraindo
adeptos de classe média alta, além de muitos artistas e terapeutas.
Diferentemente do que aconteceu na primeira metade do século XX, quando Zen era
sinônimo de Budismo no Ocidente, nas últimas décadas o ramo que mais se
difundiu foi o Budismo tântrico do Tibete. Algo que ajudou muito nessa
divulgação foi a figura sorridente do Dalai Lama, líder do Tibete no exílio,
que já era famoso bem antes de ganhar o Prêmio Nobel da Paz em 1989, de dançar
no palco com a banda de punk-rap Beastie
Boys em shows
pela libertação do Tibete, ou de percorrer o mundo falando de espiritualidade.
Inclusive no Brasil, onde um dos organizadores de suas visitas é o gaúcho
Alfredo Aveline, ou lama Padma Santem (lama é a palavra em tibetano para
“mestre espiritual”). Aveline dá uma pista de como essa linha espiritual pode
ajudar o homem do século XXI, ao falar da importância do desapego como uma
forma de evitar o sofrimento: “A impermanência paira sobre sua cabeça nas
relações, no emprego, na sua saúde, no seu endereço, no seu celular, na sua
aparência, nas suas aptidões, no afeto. Essa é a vida a que todos estão
submetidos. No Budismo, o objetivo é ultrapassar essas limitações. Não estamos
dizendo que buscamos distância dessa experiência limitada, mas nosso objetivo é
libertarmo-nos dos processos sutis que a criam para ajudar os outros seres a
fazer o mesmo e superar as frustrações inevitáveis do processo”.
CONTINUA
APÓS A PUBLICIDADE
Dizem que Buda previu que sua ordem duraria muito menos se tivesse a
participação de mulheres. Se realmente fez isso, talvez esteja aí um raro
equívoco cometido pelo Iluminado. Hoje o que se vê é uma presença cada vez
maior de mulheres na pregação da sua doutrina. Às vezes, numa mesma semana na
capital paulista, quatro mulheres budistas de diferentes escolas e linhagens
costumam atrair grande público para suas palestras: a inglesa Lama Caroline, da
escola tibetana Gelupa; a americana Lama Tsering, da escola tibetana Ningma; a
monja chinesa Chueh Chen, da escola Ch’an; e a brasileira monja Coen, formada
nas tradições japonesas do Soto Zen. Quem quiser entender por que o Budismo
exerce tanta atração no Ocidente precisa ver como elas consquistam sua
audiência, geralmente de jovens, em torno da idéia da compaixão.
“Houve uma
geração que quebrou todos os seus valores e hoje mergulha na busca espiritual”,
diz a monja Cláudia Coen, que todos os dias orienta grupos de meditação em São
Paulo. “Como as técnicas funcionam independentemente da religião de quem as
pratica, tem despertado o interesse também de judeus, cristãos e muçulmanos.”
Mas, afinal, o
que fez o Budismo ser tão bem-aceito no Ocidente? Numa palavra, poder-se-ia
dizer que é seu caráter de auto-ajuda, conceito que, nesse caso, nada tem a ver
com manuais de comportamento, mas sim com a certeza de que todas as respostas
para os problemas do homem estão dentro dele mesmo.
Budismo para principiantes
A essência da doutrina deixada por
Sidarta Gautama baseia-se em uma série de conceitos mais filosóficos, éticos e
psicológicos do que religiosos. Aqui estão os principais deles:
AS QUATRO
NOBRES VERDADES
Sofrimento
É a característica básica da nossa
existência. Tudo é sofrimento: nascimento, doença e morte; encontrar algo não
apreciado; não obter o que se deseja, separar-se de algo desejado.
Origem do
sofrimento
Sua causa está nos anseios, nos desejos,
no apego e na sede de satisfação dos sentidos. Tudo isso prende as pessoas ao
ciclo da existência (samsara).
Cessação
do sofrimento
Pela eliminação dos desejos e do apego
pode-se extinguir o sofrimento.
Caminho
que leva à cessação do sofrimento
Para os budistas da linha Theravada, o
meio de pôr fim ao sofrimento é o Nobre Caminho Óctuplo. Para os budistas da
linha Mahayana, são as Seis Perfeições.
O NOBRE
CAMINHO ÓCTUPLO
1. Compreensão correta, baseada no
entendimento das Quatro Nobres Verdades e na consciência de que não existe um
“eu” individual: tudo está interligado.
2. Atitude correta, favorável à renúncia
e à boa vontade, buscando não prejudicar os seres sensíveis.
3. Fala correta: evitar mentir, caluniar
e bisbilhotar.
4. Ação correta: evitar, sobretudo,
matar, roubar e praticar sexo ilícito (estupro e pedofilia, por exemplo).
5. Modo de vida correto: evitar
profissões que causem sofrimento aos outros, como caçador ou fabricante de
armas.
6. Esforço correto: pensar antes de
agir, cultivando pensamentos, palavras e ações nobres.
7. Atenção correta: percepção contínua do
corpo, dos sentimentos e dos objetos de pensamento.
8. Concentração correta: o cultivo de
uma mente tranqüila, que encontra seu ponto mais elevado na absorção
meditativa.
AS SEIS
PERFEIÇÕES
1. Generosidade
2. Paciência
3. Ética
4. Esforço entusiástico
5. Concentração
6.
Sabedoria
OUTROS
CONCEITOS-CHAVE
Buda provavelmente falava num dialeto
chamado maghadi e seus ensinamentos foram registrados na língua páli. Salvo
exceções indicadas, os termos a seguir estão na forma como foram transliterados
do sânscrito ou na maneira como foram incorporados à língua portuguesa.
Ahimsa
“Não-violência”. É a base ética do
Budismo.
Anatman
“Não-eu”. Para o Budismo, não existe um
“eu”: cada um de nós é uma soma de várias experiências de vida, em eterna
mutação. Ignorar isso é a principal causa do sofrimento.
Arhat
“Santo”. Pessoa que atingiu a iluminação
quase completa. O ideal do caminho Theravada.
Bhiksu
Monge mendicante que entrou para a vida
errante.
Bodhisatva
Ser que aspira à condição de Buda pela
prática das seis perfeições e que se compromete a abrir mão do nirvana até que
tenha levado todos os seres sensíveis à iluminação. É o ideal do caminho
Mahayana.
Carma
“Ação”. É a lei de causa e efeito que
rege o universo. Não significa destino no sentido fatalista, mas sim o que
recai sobre cada um como resultado do seu comportamento.
Darma
“Doutrina”. O termo Budismo é uma
invenção ocidental para o que os budistas chamam de Buda-darma: ensinamento de
Buda; lei cósmica; caminho para o nirvana.
Impermanência
Transitoriedade da matéria, do
pensamento, do corpo humano e da própria idéia de “eu”. Como todas as coisas
são impermanentes, nos escapam tão logo tentamos possuí-las. A frustração desse
desejo de posse é a causa imediata do sofrimento.
Mahayana
“Grande veículo”. É um dos caminhos do
Budismo. Inclui a maior parte das escolas existentes.
Lama
(tibetano)
“Ninguém acima”. Significa guru, mestre
espiritual.
Nirvana
“Extinção”, “apagamento”. É a meta da
prática espiritual. Não deve ser entendida como aniquilação, mas sim como
entrada em outra forma de existência. Psicologicamente, é um estado de grande
liberdade e espontaneidade. “O nirvana nos ensina que já somos aquilo que
queremos nos tornar”, diz o monge vietnamita Thich Nhat Hanh.
Samsara
“Roda do sofrimento”. Ciclo que rege a
inquieta existência humana e se alimenta de apego, desejos, ódio e ilusão. É
nele próprio que se deve procurar sua extinção – ou nirvana.
Sunyata
“Vazio”, “vácuo”. Conceito segundo o qual
todas as coisas – incluindo você, leitor – não contêm essência, apenas
aparência.
Tendrel
(tibetano)
“Interdependência”. Tudo depende de
outra coisa. Observador, observação e objeto observado são partes de um só
movimento.
Theravada
“À maneira dos anciãos”. Uma das
principais escolas do Budismo, é a mais tradicionalista.
Vajrayana
“Veículo do diamante”. Caminho tântrico
e ocultista do Budismo.
A árvore da sabedoria
silenciosa
Ao longo dos últimos 2 500 anos, os
ensinamentos de Buda floresceram em dois ramos principais.
O primeiro – Theravada, ou Hinayana,
“Caminho Estreito” – para os puristas e ortodoxos, foi para um lado. O segundo
– Mahayana, “Grande Caminho” –, aberto a todas as experimentações, foi para o
outro e se multiplicou em uma espantosa variedade de movimentos e escolas
espiritualistas, inclusive no Ocidente
Talibã
VS. Buda
Em março de 2001, os islâmicos
fundamentalistas do Afeganistão dinamitam duas estátuas de Buda, de 40 e 50
metros de altura, erguidas entre os séculos III e V
Budismo
pop
Após o movimento beat e a imigração de
mestres orientais para os Estados Unidos, principalmente para a Califórnia,
toda a cultura pop presta tributo a Sidarta: dos Beatles ao Nirvana, de Bowie
aos Beastie Boys
Beat
Generation
As filosofias orientais – principalmente
o Zen Budismo – foram uma das principais influências dos escritores da geração
beat, como Jack Kerouac, que nos anos 50 adubaram as raízes da contracultura e
do movimento hippie
Hollywood
Richard Gere, o galã de Gigolô Americano
e Uma Linda Mulher vira amigão do Dalai Lama – e um dos mais influentes
garotos-propaganda de Buda no Oeste. Não tarda para Hollywood lançar
superproduções budistas: O Pequeno Buda (com Keanu Reeves pintado de moreno
jambo na pele de Sidarta ), Sete Anos no Tibete (Brad Pitt de nazista
convertido ao Vajrayana) e Kundun (biografia do Dalai, dirigida por Scorsese –
ambos na foto com Gere)
Nos anos 90, os livros do Dalai Lama
tornam-se best-sellers no Ocidente
Em 1989, o Dalai Lama recebe o Nobel da
Paz
Refugiados tibetanos e vietnamitas abrem
centros de meditação na Europa e nos Estados Unidos
Arthur
Schopenhauer
(1788-1860) O filósofo alemão foi o
introdutor do Budismo no Ocidente, influenciando, entre outros, Nietzsche e
Freud
Em 1959, no Tibete invadido pelo
Exército chinês, mais de 87 000 pessoas são mortas. O Dalai Lama transfere-se
para a Índia, onde forma uma comunidade tibetana no exílio
Brasil
Cresce no Brasil o interesse pelo
Budismo, que vira capa da Super
Nos anos 70 surgem vários mosteiros
Theravada na Europa
Louca
sabedoria
Para seus praticantes, espiritualidade e
prazer não são coisas separadas. Sua conduta não exclui nada que possa parecer
irreligioso, como sexo e embriaguez levados às últimas conseqüências
1 – Theravada (Séc.
II a.C.)
O Theravada tem hoje 125 milhões de
adeptos (38% dos budistas) em Sri Lanka, Birmânia, Laos, Tailândia e Camboja. O
movimento segue as antigas escrituras na língua páli, na qual foram registrados
os primeiros documentos budistas. Sua prática enfatiza a busca da iluminação
individual. O nome Hinayana (Pequeno Veículo), comumente atribuído a eles, foi
criado pela corrente Mahayana e não é aceito pelos Theravada
2 –
Mahayana (Séc. II a.C.)
A corrente principal do Budismo tem hoje
185 milhões de adeptos (56% do total). O Mahayana (Grande Veículo) abriga
várias escolas e linhagens. Não professa o caminho individual mas “a iluminação
em benefício de todos os seres”. É aberto a diferentes crenças e ritos
devocionais e enfatiza a prática da compaixão
3 –
Vajrayana (Séc. II)
Essa linha tem hoje 20 milhões de
adeptos (6% dos budistas), principalmente nos países do Himalaia: Tibete,
Butão, Nepal e Mongólia O Vajrayana (Veículo do Diamante) surgiu no norte da Índia
e, mais tarde, chegou à China, ao Japão e ao Tibete. Prosseguimento dos métodos
Theravada e Mahayana, tem suas origens nos tantras, escrituras esotéricas que
ritualizam diversas práticas para a transformação da mente
4 – Zen
Desenvolve-se a partir do século XII no
Japão, buscando o máximo de simplicidade e desprezando o intelectualismo e os
aspectos sobrenaturais e ritualísticos das religiões. Cada ato do cotidiano
deve ser uma meditação. Essa mentalidade criou artes e disciplinas especiais
para desenvolver a concentração, como jardinagem, arranjos florais e outras
modalidades. Veja ao lado
Pintura
O que mais importa é o espaço vazio,
buscando o máximo de expressividade com o mínimo de pinceladas
Poesia
Sua forma tradicional está nos haikai,
poemas curtíssimos como este clássico de Mitsuo Bashô:
Koans
São uma espécie de pegadinhas, sem
respostas lógicas, usadas para treinar a mente: “Que som é produzido quando se
bate palmas com uma mão só?”
Cerimônia
do chá
Preparar essa bebida tão simples
torna-se um ritual de atenção plena e absorção em quietude espiritual
Japão
Presente no país desde 621, o Budismo dá
origem a várias escolas e seitas, nas quais se mistura ao Xintoísmo – grupo de
antigas religiões locais. A escola que mais se expandiria no Ocidente é a Zen
China
O Budismo chega ao país no século I e
funde-se à religiosidade local. Nas novas escolas que surgem, nem sempre se
percebe onde acaba o Budismo e onde começa o Taoísmo – doutrina de Lao Tsé,
para quem o Tao, “fluxo natural”, é a essência do universo. A escola Ch’an
(Meditação) é uma espécie de avó do Zen Budismo
Tibete
No século VIII, o Budismo Vajrayana
funde-se com as religiões xamânicas do Tibete, altamente ritualizadas. O
Budismo tibetano organiza-se em quatro escolas principais, formadas por várias
linhagens (Nyingma, Gelupa, Kagyiu e Sakya)
Sidarta
Gautama, O Buda (563 a.C. – 483 a.C.)
Duzentos anos depois da morte de Buda,
ainda na Índia o Budismo se divide em dois movimentos: Mahayana e Theravada
seguem os sutras, discursos feitos por Sidarta. Quatro séculos depois, surge um
terceiro movimento (Vajrayana) com base nos tantras, ensinamentos secretos
também atribuídos ao Buda
A trilha do mestre
Os caminhos percorridos
pelo Buda em vida vão do Nepal ao nordeste da Índia
1.
Lumbini
Sidarta Gautama nasceu na primavera de
563 a.C. no antigo reino dos sakyas – região que hoje pertence ao Nepal
2.
Kapilavastu
Aqui ficava o palácio onde, durante 29
anos, o príncipe Sidarta desfrutou de uma vida de luxo e prazeres – até
abandoná-la para partir em sua busca espiritual
3. Uruvela e Bodhgaya
Depois de seis anos jejuando e meditando
em Uruvela, ele deslocou-se para Bodhgaya, uma região próxima. Esse local
tornou-se o maior centro de peregrinação budista, pois foi onde Sidarta atingiu
a iluminação
4.
Sarnath
Foi em Sarnath (perto da atual
Varanasi), que Buda fez seu primeiro discurso depois da iluminação e revelou as
Quatro Nobres Verdades, base da sua doutrina
5. Rajgir
Aqui Buda recebeu apoio de comerciantes
e da realeza, o que permitiu fundar mosteiros que se tornaram os principais
centros de difusão de seus ensinamentos
6.
Nalanda
Construída no tempo de Buda e fortemente
influenciada por sua doutrina, Nalanda foi uma das primeiras universidades do
mundo. No seu apogeu, teve 1 500 professores de disciplinas como gramática,
filosofia, astronomia e medicina. Foi destruída pelos muçulmanos no século XIII
7.
Kushinagar
Foi nessa região, hoje ocupada pelo
Nepal, que o Buda morreu, aos 80 anos, em 483 a.C. Segundo seus discípulos, ele
teria atingido o que chamam de mahaparinirvana (“grande cessação da
existência”). Suas últimas palavras: “Tudo é impermanente”
Budismo à brasileira – a
terceira onda
O Brasil tem algo entre 300 000 a 500
000 budistas, reunidos em 160 diferentes grupos. No livro O Budismo no Brasil,
a ser lançado neste semestre, o alemão Frank Usarski, doutor em Ciência da
Religião pela Universidade de Hannover, Alemanha, e professor da PUC de São
Paulo, identifica três ondas de crescimento dessa linha espiritual no país. Na
primeira, imigrantes chineses, japoneses e coreanos já trouxeram a religião com
eles. Na segunda, nos anos 60, brasileiros de origem não-asiática, sobretudo
intelectuais, se converteram ao zen-budismo. A terceira onda, que começou nos
anos 70 e está quebrando na praia agora, é a do Budismo tibetano, ou Vajrayana.
Seus adeptos usam técnicas para combater o que chamam de “manchas mentais”,
como apego ou orgulho. “Para cada uma delas, a meditação sugere um antídoto,
como generosidade para anular a avareza ou paciência para enfrentar a raiva”,
diz a terapeuta Bel César, fundadora do Centro Shi De Choe Tsog, de São Paulo.
Um dos responsáveis pelo centro é Lama
Michel, 20 anos, que, desde a infância é considerado um tulku, ou reencarnação
de um mestre tibetano. Filho de um judeu e de uma presbiteriana (a própria Bel)
que adotaram o Budismo, Lama Michel é um exemplo de como essa terceira onda deu
um novo rumo a praticantes de tradições religiosas já arraigadas. Não é o
único. Segyu Rinpoche, do Centro Je Tsongkhapa, de Porto Alegre, era médium de
umbanda no Rio de Janeiro até ser oficialmente reconhecido como um tulku.
Para saber mais
NA
LIVRARIA
Buda, Karen Armstrong, Objetiva, Rio de
Janeiro, 2001
Buda, Jorge Luiz Borges e Alicia Jurado,
Difel, Rio de Janeiro, 1977
O Pequeno Buda: Entrando na Correnteza,
Samuel Bercholz e Sherab Chodzin Kohn, Siciliano, São Paulo, 1994
Introducing
Buddha, Jane Hope e Borin Van Loon, Icon Books, Cambridge, 1999
A Essência dos Ensinamentos de Buda,
Trich Nhat Hanh, Rocco, Rio de Janeiro, 1998
O Espírito do Zen, Alan W. Watts,
Cultrix, São Paulo, 1995
O Livro Tibetano do Viver e do Morrer,
Sogyal Rinpoche, Talento-Palas Athena, São Paulo, 1999
The
Story of Buddhism: A Concise Guide to Its History and Teachings, Donald S.
Lopez Jr., Harper San Francisco, 2001
Dhammapada, a Senda da Virtude, Palas
Athena, 2000
NA
INTERNET
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