PÉS DE LÓTUS,CORAÇÕES DE CISNES : UMA COMPILAÇÃO DE INSTRUÇÕES FUNDAMENTAIS SOBRE OS PAPÉIS DE GURU E DISCÍPULO
Pés de Lótus, Corações de Cisnes: Uma Compilação de Instruções Fundamentais sobre os Papéis de Guru e Discípulo
Dezenas de citações sobre este tópico importante porém frequentemente abordado sem profundidade.
O Status do Mestre Espiritual
“De acordo com a deliberada opinião de todas as escrituras reveladas, o mestre espiritual é não-diferente de Krishna. O Senhor Krishna, na forma do mestre espiritual, liberta Seus devotos. O relacionamento de um discípulo com seu mestre espiritual é tão bom quanto seu relacionamento com o Senhor Supremo”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Adi-lila 1.45)
“Deve conhecer o acharya como sendo Eu e jamais se deve desrespeitá-lo de algum modo. Não se deve invejá-lo, considerando-o um homem comum, pois ele é o representante de todos os semideuses”. (Srimad-Bhagavatam 11.17.27)
“Recomenda-se que o indivíduo honre o mestre espiritual como estando no mesmo status da Suprema Personalidade de Deus. Sakshad dharitvena samasta-shastraih. Isso é prescrito em toda escritura. Acharyam mam vijaniyat [SB 11.17.27]. Deve-se considerar o acharya como tão bom quanto a Suprema Personalidade de Deus. Apesar de todas essas instruções, se alguém considera o mestre espiritual como um ser humano comum, está condenado”. (Srimad-Bhagavatam 7.15.26, significado de Srila Prabhupada)
As homenagens que o mestre espiritual recebe ele retransmite para o Senhor Supremo.
“Visvanatha Chakravarti Thakura também disse, sakshad-dharitvena samasta-shastrair uktas tatha bhavyata eva sadbhih. Acharya, guru, é tão bom quanto Deus. Sakshad-dharitvena. O acharya deve ser respeitado como Krishna. Por conseguinte, acharyam mam vijaniyan navamanyeta karhicit [SB 11.17.27]. Se alguém pensa tolamente: ‘Eles estão adorando um homem. Ele é como eu, e ele aceitou um assento, e ele está recebendo adoração, respeito, dos discípulos’… Algumas vezes, eles questionam isso. Contudo, eles não sabem como o acharya deve ser respeitado. O acharya deve ser respeitado sakshad-dharitvena: tal qual Deus. Isso não é exagero. Isso é de acordo com o shastra. E o acharya também aceita todas essas respeitosas reverências para levá-las para a Suprema Personalidade de Deus. Eis o processo”. (Srimad-Bhagavatam 1.7.45-46, Vrindavana, 5 de outubro de 1976, palestra de Srila Prabhupada)
“A verdadeira filosofia védica é achintya-bhedabheda-tattva, a qual estabelece tudo como sendo simultaneamente uno com a Personalidade de Deus e diferente do mesmo. Srila Raghunatha Dasa Gosvami confirma que essa é a verdadeira posição de um mestre espiritual fidedigno e diz que o sujeito deve sempre pensar no mestre espiritual em termos de seu relacionamento íntimo com Mukunda (Sri Krishna). Srila Jiva Gosvami, em seu Bhakti–sandarbha (213), explica claramente que a observação de um devoto puro do mestre espiritual e do Senhor Shiva como sendo unos com a Personalidade de Deus existe em termos de serem muito queridos ao Senhor, mas não idênticos a Ele sob todos os aspectos. Seguindo os passos de Srila Raghunatha Dasa Gosvami e de Srila Jiva Gosvami, acharyas posteriores, como Srila Visvanatha Chakravarti Thakura, confirmaram as mesmas verdades. Em suas orações ao mestre espiritual, Srila Visvanatha Chakravarti Thakura confirma que todas as escrituras reveladas aceitam o mestre espiritual como sendo idêntico à Personalidade de Deus porque ele é um servo muito querido e confidencial do Senhor. Os gaudiya vaishnavas, portanto, adoram Srila Gurudeva (o mestre espiritual) à luz do entendimento de que ele é servo da Personalidade de Deus. Em todas as antigas obras do serviço devocional e em canções mais recentes de Srila Narottama Dasa Thakura, Srila Bhaktivinoda Thakura e outros vaishnavas imaculados, o mestre espiritual é sempre considerado ou um dos associados confidenciais de Srimati Radharani ou uma representação manifesta de Srila Nityananda Prabhu”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Adi-lila 1.47)
“O mestre espiritual supremo é Krishna, que é conhecido, portanto, como chaitya-guru. Isso se refere à Superalma, que está sentada no coração de todos. Ele ajuda a partir de dentro, como declarado no Bhagavad-gita, e Ele envia o mestre espiritual, que ajuda a partir de fora. O mestre espiritual é a manifestação externa do chaitya-guru, ou o mestre espiritual sentado no coração de todos”. (Srimad-Bhagavatam 4.8.44, significado de Srila Prabhupada)
Pessoas Não Libertas Podem Ser Guru
“Um carteiro talvez nos entregue cem dólares, mas não consideramos que o carteiro está nos dando cem dólares. O dinheiro foi enviado por um amigo, e é simplesmente o papel do carteiro entregá-lo como ele é, sem subtrair ou adicionar algum valor. Sua perfeição é que ele entrega os cem dólares enviados pelo amigo sem mudar nada. Essa é a sua perfeição. O carteiro pode ser imperfeito sob muitíssimos aspectos, mas, quando ele cumpre seu papel perfeitamente, ele é perfeito”. (Discurso de Vyasa-Puja de Srila Prabhupada, New Vrindavana, 2 de setembro de 1972)
O carteiro é perfeito se cumpre seu papel perfeitamente.
“As declarações de Thakura Bhaktivinoda são tão boas quanto as escrituras porque ele é uma personalidade liberta. Em geral, o mestre espiritual vem do grupo de tais associados eternos do Senhor, mas qualquer um que siga os princípios de tais pessoas eternamente libertas é tão bom quanto alguém no grupo supracitado… Não é possível que aquele que é um acharya e guru liberto cometa algum erro, mas há pessoas que são menos qualificadas ou não libertas, mas, ainda assim, podem atuar como guru e acharya seguindo estritamente a sucessão discipular”. (Carta de Srila Prabhupada a Janardana, Nova Iorque, 26 de abril de 1968)
“Então, se você segue o devoto puro, você também é um devoto puro. Pode ser que o indivíduo não seja cem por cento puro, porque estamos tentando nos elevar da vida condicionada. Todavia, se seguirmos estritamente o devoto puro, também somos devotos puros. Enquanto fizermos isso, somos puros. Assim, devoto puro não significa que o sujeito tem que se tornar cem por cento puro de imediato. Contudo, se ele se atém ao princípio de que ‘seguiremos um devoto puro’, ele é tão puro quanto um devoto puro”. (Bhagavad-gita 2.1-10, Los Angeles, 25 de novembro de 1968, palestra de Srila Prabhupada)
“Nós talvez não sejamos cem por cento perfeitos, mas, tanto quanto possível, se seguirmos a instrução como ela é, esse tanto de perfeição nós temos. Deste modo, a pessoa alcançará a perfeição. Então, a pessoa tem que seguir. O mesmo exemplo, tentem entender, é que um tecnólogo perito ou um mecânico perito está trabalhando, e alguém está trabalhando sob sua instrução. Então, esse alguém, porque ele está trabalhando estritamente sob a instrução do perito, ele também é perito. Ele talvez não seja cem por cento perito, mas seu trabalho é perito. Está claro? Porque ele está trabalhando aos cuidados do perito. Estão acompanhando o raciocínio? Então, se você segue o devoto puro, então você também é um devoto puro”. (Bhagavad-gita 2.1-10, Los Angeles, 25 de novembro de 1968, palestra de Srila Prabhupada)
Diksha
“A própria palavra iniciação sugere: ‘Este é o começo’. Diksha. Di… Divya. Existem duas palavras:divya-jnana. Divya-jnana significa conhecimento transcendental, espiritual. Então, divya é di, ejnanam, kshapayati, é explicar, o que é ksha – di-ksha. Isso se chama Diksha, a combinação. Então,diksha significa a iniciação para começar as atividades transcendentais. Isso se chama iniciação. Portanto, solicitamos ao discípulo que prometa: ‘Cante tantas vezes’, ‘Sim, senhor’; ‘Siga estas regras e regulações’, ‘Sim, senhor’. Isso é iniciação. Ele tem que seguir; tem que cantar. Então, tudo vem automaticamente”. (Srimad-Bhagavatam 6.1.15, Auckland, 22 de fevereiro de 1973, palestra de Srila Prabhupada)
Pintura retratando a iniciação de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada.
“O termo sânscrito se chama diksha. Diksha significa… Di, divya-jnanam, conhecimento transcendental, e ksha, iksha. Iksha significa darshana, ver, ou kshapayati, explicar. Isso se chamaDiksha”. (Iniciação de Bali-mardana Dasa, Montreal, 29 de julho de 1968, palestra de Srila Prabhupada)
“A menos que o indivíduo seja iniciado por um mestre espiritual fidedigno, todas as atividades devocionais são inúteis. Alguém que não seja apropriadamente iniciada por recair em formas animais”. (Hari-bhakti-vilasa 2.6)
“Assim, no começo, os estudantes de nosso Movimento da Consciência de Krishna concordam em viver com os devotos e, gradualmente, tendo abandonado as quatro atividades proibidas – sexo ilícito, jogos de azar, consumo de carne e intoxicação – avançam nas atividades da vida espiritual. Quando se vê que alguém está seguindo regularmente esses princípios, ele recebe a primeira iniciação (hari-nama) e canta regularmente pelo menos dezesseis voltas ao dia. Então, após seis meses ou um ano, ele é iniciado pela segunda vez e recebe o cordão sagrado com o sacrifício e os rituais regulares”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Adi-lila 17.265, significado de Srila Prabhupada)
“No tocante às suas perguntas, a segunda iniciação é a verdadeira iniciação. A primeira iniciação é preliminar, apenas para preparar a pessoa, assim como há educação primária e secundária. A primeira iniciação dá ao sujeito a chance de se tornar purificado, e, quando ele está de fato purificado, é reconhecido como brahmana, e isso é a verdadeira iniciação. O elo eterno entre discípulo e mestre espiritual começa no primeiro dia em que ele escuta. Como meu mestre espiritual. Em 1922, ele disse em nosso primeiro encontro: ‘Vocês são jovens instruídos, por que não pregam este culto’? Esse foi o começo, e agora está se tornando fato. Por conseguinte, o relacionamento começa nesse dia”. (Carta de Srila Prabhupada a Jadurani, New Vrindaban, 4 de setembro de 1972)
A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada ensina uma devota a cantar o mantra Gayatri, o mantra dado na segunda iniciação.
“O mestre espiritual aceita as atividades pecaminosas de seus discípulos na primeira iniciação. Eu talvez dê iniciação muito facilmente, mas o que eu posso fazer? Estou disposto a ir para o inferno pelo serviço ao Senhor Chaitanya”. (Carta de Srila Prabhupada a Jadurani, New Vrindaban, 4 de setembro de 1972)
O Sistema Guru-parampara
“Esta ciência suprema foi assim recebida através da corrente de sucessão discipular”. (Bhagavad-gita4.2)
“O guru não aceita o respeito de seu discípulo para o seu eu pessoal, mas transmite esse respeito a Krishna… Declara-se no Bhagavad-gita que o conhecimento de Krishna é recebido através doparampara, a sucessão discipular. Evam parampara-praptam (Bhagavad-gita 4.2). O guru oferece os mesmos respeitos a seu guru, e seu guru oferece respeitos a ele, e assim segue até Krishna. Deste modo, a misericórdia de Krishna desce pelo sistema parampara, e o respeito oferecido a Krishna sobe pelo sistema parampara. É preciso aprender a abordar a Suprema Personalidade de Deus deste modo”. (Ensinamentos do Senhor Kapila, Capítulo 13)
“A mensagem do Srimad-Bhagavatam está descendo pela sucessão discipular, e, a fim de receber a verdadeira mensagem do Srimad-Bhagavatam, a pessoa deve buscar o elo atual, ou o mestre espiritual, na corrente de sucessão discipular”. (Srimad-Bhagavatam 2.9.7)
“Então, se você quer compreender o Bhagavad-gita, temos que compreender da mesma maneira como compreendeu a pessoa que o ouviu diretamente. Isso se chama sistema parampara. Suponha que eu tenha ouvido algo do meu mestre espiritual. Eu, então, falo a vocês a mesma coisa. Então, isso é o sistema parampara. Vocês não podem imaginar o que o meu mestre espiritual disse. Ou mesmo se vocês lerem alguns livros, vocês não podem compreender a menos que vocês os compreendam a partir de mim. Isso se chama sistema parampara. Você não pode passar por cima do guru superior, negligenciando o próximo acharya, o acharya imediatamente posterior”. (Srimad-Bhagavatam 1.15.30, Los Angeles, 8 de dezembro de 1973, palestra de Srila Prabhupada)
“Antes de tudo, o seu mestre espiritual, então o mestre espiritual dele, então o mestre espiritual dele, o mestre espiritual, o mestre espiritual dele – por fim, Krishna. Eis o processo. Não tente abordar Krishna diretamente, passando por cima. Isso é inútil. Assim como você recebe o conhecimento através dos passos, o sistema parampara, similarmente, devemos nos aproximar de Krishna através desses passos”. (Srimad-Bhagavatam 1.2.4, Roma, 28 de maio de 1974, palestra de Srila Prabhupada)
“O sujeito não deve pensar orgulhosamente que pode compreender o serviço amoroso e transcendental ao Senhor simplesmente lendo livros. É preciso aceitar um guru vaishnava (adau gurv-asrayam), após o que, através de perguntas e respostas, deve-se gradualmente aprender o que é o serviço devocional puro a Krishna. Isso se chama sistema parampara”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Antya-lila 7.53, significado de Srila Prabhupada)
“Estes estudantes, que são iniciados por mim, todos eles atuarão como estou fazendo. Assim como tenho muitos irmãos espirituais e todos eles atuam. Similarmente, todos estes discípulos que estou fazendo, iniciando, estão sendo treinados para que se tornem futuros mestres espirituais”. (Srila Prabhupada em conversa em Detroit, 18 de julho de 1971)
“Quero ver meus discípulos se tornarem mestres espirituais e difundirem a consciência de Krishna muito amplamente – isso fará tanto a minha pessoa quanto Krishna muito felizes. Mantenham o treinamento muito rigidamente e, então, vocês são gurus fidedignos, e vocês podem aceitar discípulos no mesmo princípio. Todavia, como uma questão de etiqueta, é costumeiro que, durante a vida de seu mestre espiritual, você leve os discípulos em perspectiva para ele, e, na ausência dele ou desaparecimento, você pode aceitar discípulos sem qualquer limitação. Esta é a lei da sucessão discipular”. (Carta de Srila Prabhupada a Tusta Krishna, 2 de dezembro de 1975)
“Qualquer um seguindo a ordem do Senhor Chaitanya sob a guia de Seu representante fidedigno pode se tornar mestre espiritual, e desejo que, na minha ausência, todos os meus discípulos se tornem mestres espirituais fidedignos para difundirem a consciência de Krishna por todo o mundo”. (Carta de Srila Prabhupada a Madhusudana, Navadvipa, 2 de novembro de 1967)
“Isto se chama sistema parampara. Você tem que aprender como se tornar servo do servo de Krishna. Quanto mais você fique na posição inferior – servo, servo, servo, servo, servo, cem vezes servo, servo –, mais avançado você é”. (Bhagavad-gita 2.2, Londres, 3 de agosto de 1973, palestra de Srila Prabhupada)
Tipos de Gurus
“O mestre espiritual que dá as primeiras informações sobre a vida espiritual se chama vartma-pradarshaka-guru, o mestre espiritual que inicia de acordo com as regulações dos shastras se chama diksha–guru, e o mestre espiritual que confere instruções para a elevação se chamashiksha–guru”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Madhya 8.128)
A Posição do Discípulo
“É como você ter que pagar para obter algo. Portanto, chama-se sevaya. Você não pode pagar devolvendo o valor do que é ensinado pelo mestre espiritual. Isso não é possível. Portanto, chama-sesevaya, isto é, dedique sua vida a servi-lo. Você não pode pagar. O que você tem para pagar um mestre espiritual?”. (Srimad-Bhagavatam 2.3.25, Los Angeles, 23 de junho de 1972, palestra de Srila Prabhupada)
Além de receber instruções de dentro do coração, é fundamental àquele interessado na autorrealização aceitar a guia de um mestre espiritual externo.
“O devoto do Senhor Chaitanya tem que pregar a consciência de Krishna em toda vila e cidade no mundo. Isso satisfará o Senhor. Não é o caso que alguém deve agir caprichosamente para sua própria satisfação pessoal. Essa ordem desce pelo sistema parampara, e o mestre espiritual apresenta essas ordens ao discípulo a fim de que ele possa difundir a mensagem de Sri Chaitanya Mahaprabhu. É dever de todo discípulo cumprir a ordem do mestre espiritual fidedigno e difundir a mensagem do Senhor Chaitanya por todo o mundo”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Madhya-lila 16.65, significado de Srila Prabhupada)
“Simplesmente tenta aprender a verdade aproximando-se de um mestre espiritual. Faze-lhe perguntas com submissão e presta-lhe serviço. As almas autorrealizadas te podem transmitir conhecimento porque viram a verdade”. (Bhagavad-gita 4.34)
“O indivíduo deve servir o mestre espiritual como um servo humilde, sem falso prestígio. A satisfação do mestre espiritual autorrealizado é o segredo do avanço na vida espiritual”. (Bhagavad-gita Como Ele É 4.34, significado de Srila Prabhupada)
“Nosso movimento defende que o começo da vida espiritual é a rendição. Se não há rendição, não há avanço. Sarva-dharman parityajya mam ekam sharanam vraja [Bhagavad-gita 18.66]. Esse é o começo. Se falta isso, não há nem mesmo começo, o que falar de avanço. Isso já foi discutido. Na sa siddhim avapnoti na sukham na param gatim [Bhagavad-gita]. Esse é o começo da vida espiritual. A palavra é ‘discípulo’. Discípulo significa aquele que aceita disciplina. Se não há disciplina, onde está o discípulo?”. (Srila Prabhupada em conversa, 1º de julho de 1974, Melbourne)
“O princípio de cumprir muito rigidamente a ordem do mestre espiritual tem que ser seguido. O mestre espiritual dá ordens diferentes para pessoas diferentes. Por exemplo, Sri Chaitanya Mahaprabhu ordenou a Jiva Gosvami, Rupa Gosvami e Sanatana Gosvami que pregassem, e ordenou a Raghunatha Dasa Gosvami que seguisse estritamente as regras e regulações da ordem renunciada. Todos os Seis Gosvamis seguiram estritamente as instruções de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Eis o princípio do progresso no serviço devocional. Depois de receber uma ordem do mestre espiritual, o sujeito tem que tentar executar a ordem estritamente. Esse é o caminho do sucesso”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Antya 6.313)
“Abandonar os princípios reguladores e viver de acordo com os próprios caprichos é algo comparado a um elefante louco, o qual, mediante sua força, desarraiga a bhakti-lata e a despedaça. Deste modo, a bhakti-lata seca. Semelhante ofensa se dá especialmente quando a pessoa desobedece às instruções do mestre espiritual. Isso se chama guru-avajna. O devoto tem, portanto, que ser muito cuidadoso para não cometer ofensas contra o mestre espiritual por desobedecer às suas instruções. Tão logo alguém se desvia das instruções do mestre espiritual, começa o desarraigamento da bhakti-lata, e, gradualmente, todas as folhas murcham”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Madhya 19.156)
“Após ser iniciado e receber as ordens do mestre espiritual, o discípulo deve pensar sem hesitação sobre as instruções ou ordens do mestre espiritual e não deve deixar que nada o perturbe. Esse também é o veredito de Srila Visvanatha Chakravarti Thakura, que, enquanto explicava o verso doBhagavad-gita vyavasayatmika buddhir ekeha kuru-nandana, apontou que a ordem do mestre espiritual é a vida e a substância do discípulo. O discípulo não deve considerar se irá de volta ao lar, de volta ao Supremo; sua primeira questão deve ser executar a ordem do mestre espiritual. Assim, um discípulo deve sempre meditar na ordem do mestre espiritual, e essa é a meditação perfeita. Não apenas deve meditar nessa ordem, mas deve encontrar os meios pelos quais possa adorá-la e executá-la com perfeição”. (Srimad-Bhagavatam 4.24.15)
“Aceitar um mestre espiritual significa aceitar voluntariamente as regras e regulações dadas por uma grande personalidade. Este é o significado de discípulo – aceitar voluntariamente: ‘Sim, senhor. O que quer que diga, eu aceito’. A palavra sânscrita shishya significa ‘quem aceita as regras’, e, em inglês, existe a palavra ‘discípulo’, que é ligada à palavra ‘disciplina’. Deste modo, o discípulo é disciplinado pelo mestre espiritual. ‘Mesmo que custe o comprometimento do meu conforto pessoal, tenho que aceitar as ordens de meu mestre espiritual’”. (Srimad-Bhagavatam 5.5.1, Tittenhurst, Londres, 12 de setembro de 1969, palestra de Srila Prabhupada)
“Para a conquista espiritual, o caminho mais fácil é refugiar-se em um mestre espiritual fidedigno e servi-lo de coração e alma. Eis o segredo do sucesso. Como declarado por Visvanatha Chakravarti Thakura na sua oração de oito estrofes ao mestre espiritual, yasya prasadad bhagavat-prasadah. Por servir e receber a graça do mestre espiritual, o indivíduo recebe a graça do Senhor Supremo. Por servir seu devotado esposo, Kardama Muni, Devahuti compartilhou de suas conquistas. De maneira similar, um discípulo sincero, simplesmente por servir um mestre espiritual fidedigno, pode obter toda a misericórdia do Senhor e do mestre espiritual simultaneamente”. (Srimad-Bhagavatam3.23.7)
“Se um discípulo é muito sério quanto a executar a missão do mestre espiritual, ele imediatamente se associa com a Suprema Personalidade de Deus através de vani ou vapuh. Esse é o único segredo do sucesso para ver a Suprema Personalidade de Deus. Se, em vez de ficar ávido por ver o Senhor em algum arbusto de Vrindavana enquanto, ao mesmo tempo, ocupa-se em gratificação dos sentidos, o sujeito adere ao princípio de seguir as palavras do mestre espiritual, ele, então, verá o Senhor Supremo sem dificuldade”. (Srimad-Bhagavatam 4.28.51)
“Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami Maharaja comenta em relação a isso: ‘O indivíduo pode se tornar perfeitamente bem-sucedido na missão de sua vida caso aja exatamente em consonância com as palavras que ouve da boca de seu mestre espiritual’. Essa aceitação das palavras do mestre espiritual se chama shrauta-vakya, que indica que o discípulo tem que cumprir as instruções do mestre espiritual sem desvios. Srila Visvanatha Chakravarti Thakura aponta em relação a isso que um discípulo tem que aceitar as palavras de seu mestre espiritual como sua vida e alma”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Adi 7.72)
“O próprio Chaitanya Mahaprabhu apresentou o exemplo perfeito de como ser um discípulo. Um mestre espiritual sabe muito bem como ocupar cada discípulo em um dever específico, mas, se um discípulo, julgando-se mais avançado do que seu mestre espiritual, abandona as ordens dele e age de maneira independente, ele detém seu próprio progresso espiritual. Todo discípulo tem que se considerar completamente ignorante da ciência de Krishna e tem sempre que estar pronto para cumprir as ordens do mestre espiritual para se tornar competente na consciência de Krishna. Um discípulo deve sempre permanecer um tolo diante de seu mestre espiritual”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Adi-lila 7.72)
“Uma pessoa envaidecida pela dita educação e que não tem humildade não busca pela proteção de um mestre espiritual fidedigno. Ela pensa que não necessita de um mestre e que pode alcançar a perfeição mais elevada pelos seus próprios esforços. Tais pessoas não estão aptas a estudar oVedanta-sutra. Aqueles que estão sob o encanto da energia material não seguem as instruções da sucessão discipular, senão que tentam inventar algo próprio e, deste modo, saem da esfera do estudo do Vedanta. Um mestre espiritual fidedigno tem sempre que condenar tais especuladores mentais independentes. Se um mestre espiritual fidedigno aponta diretamente a tolice de um discípulo, isso não deve ser mal compreendido”. (Ensinamentos do Senhor Chaitanya, Capítulo 18)
Apresentando Perguntas ao Guru
“Aqueles que ouvem o Bhagavatam podem apresentar perguntas ao orador a fim de extrair o significado claro, mas isso não deve ser feito em um espírito desafiador. A pessoa tem que apresentar questões com grande consideração pelo orador e pelo assunto. Esse também é o procedimento recomendado no Bhagavad-gita. É necessário aprender a temática transcendental através da recepção auricular submissa a partir das fontes corretas. Portanto, esses sábios se dirigiram ao orador Suta Gosvami com grande respeito”. (Srimad-Bhagavatam 1.1.5, significado de Srila Prabhupada)
Arjuna, o interlocutor de Krishna no Bhagavad-gita, exemplificou a posição de um discípulo ao apresentar perguntas relevantes e oportunas.
“O sujeito tem que ser jijnasu, muito indagador, a fim de aprender com o mestre espiritual fidedigno. As indagações que a pessoa faz devem pertencer estritamente à ciência transcendental (jijnasuh sreya uttamam). A palavra uttamam se refere àquilo que está acima do conhecimento material. Tama significa ‘a escuridão deste mundo material’, e ut significa ‘transcender’. Em geral, as pessoas têm grande interesse em indagar sobre assuntos mundanos, mas, quando alguém perdeu esse interesse e está interessado simplesmente em temáticas transcendentais, é consideravelmente apto a ser iniciado”. (Upadeshamrita 5, significado de Srila Prabhupada)
Qualificações de um Guru Fidedigno
“Uma pessoa sóbria, que pode tolerar o ímpeto da fala, as demandas da mente, as ações da ira e os ímpetos da língua, do estômago e dos genitais é qualificada para fazer discípulos em todo o mundo”. (Upadeshamrita, verso 1)
“Para compreender tais coisas apropriadamente, o sujeito tem que se aproximar com humildade, com lenha em mãos, de um mestre espiritual que é instruído nos Vedas e firmemente devotado à Verdade Absoluta”. (Mundaka Upanishad 1.2.12)
“Um guru fidedigno não compartilha algum conhecimento inventado e de estilo próprio; seu conhecimento é padrão e recebido pelo sistema parampara. Ele também está firmemente fixo no serviço à Suprema Personalidade de Deus (brahma-nishtham). Estas são suas duas qualificações: ele tem que ter ouvido o conhecimento védico através da sucessão discipular e tem que estar estabelecido no serviço ao Senhor Supremo. Ele não tem que ser um acadêmico muito instruído, mas tem que ter ouvido da autoridade devida”. (Ensinamentos do Senhor Kapila, Capítulo 4)
“Independente se o sujeito é brahmana, sannyasi ou shudra, ele pode se tornar mestre espiritual caso conheça a ciência de Krishna”. (Sri Chaitanya-charitamrita, Madhya 8.128)
“Então, como todos podem se tornar um mestre espiritual? Um mestre espiritual tem que ter conhecimento o suficiente e muitíssimas outras qualificações. Não. Mesmo sem qualquer qualificação, a pessoa pode se tornar um mestre espiritual. Como? Agora, o processo é, Chaitanya Mahaprabhu diz, amara ajnaya: ‘Sob Minha ordem”. Eis o ponto crucial. O sujeito não se torna mestre espiritual pelos seus próprios caprichos. Isso não é um mestre espiritual. Ele tem que receber a ordem a partir da autoridade superior. Ele, então, é mestre espiritual. Amara ajnaya. Como no nosso caso. Nossa autoridade superior, nosso mestre espiritual, ordenou-me: ‘Apenas tente pregar este evangelho, o que quer que você tenha aprendido de mim, em inglês’. Então, nós tentamos. Isso é tudo. Não é o caso que eu seja muitíssimo qualificado. A única qualificação é que tentei cumprir a ordem da autoridade superior. Isso é tudo. Esse é o segredo do sucesso”. (Bhagavad-gita 2.2, Londres, 3 de agosto de 1973, palestra de Srila Prabhupada)
“Por conseguinte, qualquer pessoa que seriamente deseje verdadeira felicidade tem que buscar um mestre espiritual fidedigno e se refugiar nele através da iniciação. A qualificação de um gurufidedigno é que ele apreendeu as conclusões das escrituras através da deliberação e é capaz de convencer outros acerca dessas conclusões. Tais grandes personalidades, que se refugiaram na Divindade Suprema, deixando de lado todas as considerações materiais, devem ser entendidas como mestres espirituais fidedignos”. (Srimad-Bhagavatam 11.3.21)
Escolhendo um Guru
“Quando alguém compreende que é um servo eterno de Krishna, perde o interesse em tudo diferente do serviço a Krishna. Sempre pensar em Krishna e criar meios para a difusão do santo nome de Krishna – ele compreende que seu único afazer é difundir o Movimento da Consciência de Krishna por todo o mundo. Tal pessoa deve ser reconhecida como um uttama-adhikari, e sua companhia tem que ser imediatamente aceita de acordo com os seis processos (dadati pratigrihnatietc.). Com efeito, um vaishnava uttama-adhikari deve ser aceito como mestre espiritual. Tudo o que alguém possui deve ser ofertado a ele, pois se prescrever que o sujeito deve entregar tudo o que tem ao mestre espiritual. Srila Bhaktivinoda Thakura apresentou a indicação de que um uttama-adhikari pode ser reconhecido por sua habilidade de converter muitas almas caídas aovaishnavismo. Neste verso, Srila Rupa Gosvami aconselha o devoto a ser inteligente o bastante para distinguir entre kanishtha-adhikari, madhyama–adhikari e uttama-adhikari. A pessoa não deve se tornar mestre espiritual a menos que tenha atingido a plataforma de uttama-adhikari. Um vaishnavaneófito ou um vaishnava situado na plataforma intermediária também pode aceitar discípulos, mas tais discípulos têm que estar na mesma plataforma, e deve-se entender que não podem avançar muito bem para a meta última da vida sob sua guia insuficiente. Portanto, um discípulo deve ter o cuidado de aceitar um uttama-adhikari como mestre espiritual. (Upadeshamrita 5, significado de Srila Prabhupada)
“Vocês não precisam de uma definição grande do que é um guru. Assim, o conhecimento védico dá a vocês a indicação de que tad-vijnanartham. Se você quer conhecer a ciência da vida espiritual, tad-vijnanartham sa gurum eva abhigacchet [Mundaka Upanishad 1.2.12], você tem que se aproximar de um guru. E quem é guru? Guru é quem é um servo fiel de Deus. Muito simples”. (Srimad-Bhagavatam 6.1.26-27, Filadélfia, 12 de julho de 1975, palestra de Srila Prabhupada)
“Os shastras prescrevem que, antes de aceitarmos um guru, estudemo-lo cuidadosamente a fim de descobrir se podemos nos render a ele. Não devemos aceitar um guru subitamente por fanatismo. Isso é muito perigoso. O guru também deve estudar quem quer se tornar discípulo para averiguar se ele é apto. Eis como se estabelece uma relação entre guru e discípulo”. (A Ciência da Autorrealização, 2a)
Radhanatha Swami, discípulo de Srila Prabhupada, inicia uma discípula, dando-lhe o nome “Bhakti-lata Devi Dasi”.
“No Hari-bhakti-vilasa, de Sanatana Gosvami, ensina-se que o mestre espiritual e o discípulo têm que se encontrar pelo menos por um ano a fim de que o discípulo também possa compreender: ‘Aqui está alguém que posso aceitar como meu guru’, e a fim de que o guru também possa ver: ‘Aqui está alguém apto a se tornar meu discípulo’. A questão, dessa maneira, funciona bem”. (Srimad-Bhagavatam 1.16.25, Havaí, 21 de janeiro de 1974, palestra de Srila Prabhupada)
“Portanto, o processo é que, antes de aceitar um guru, a pessoa tem que o ouvir pelo menos por um ano. E quando estiver convencido: ‘Aqui está um guru de verdade e que pode me instruir’, então você o aceita como guru. Não aceite caprichosamente”. (Srimad-Bhagavatam 1.16.25, Havaí, 21 de janeiro de 1974, palestra de Srila Prabhupada)
“As escrituras recomendam que tanto o mestre espiritual quanto o discípulo coloquem um ao outro sob estrito escrutínio antes da aceitação mútua. Visto que até mesmo artigos domésticos ordinários são testados antes de serem adquiridos, é somente um tolo desafortunado que deixará de valer-se de um período de teste para a seleção de seu verdadeiro mestre espiritual, que é o melhor amigo das entidades vivas. O ponto é que o sujeito não deve trazer sobre si a calamidade de ter que rejeitar seu mestre espiritual. Se é prudente, o indivíduo pode evitar semelhante situação”. (Harinama Cintamani 6)
“É imperativo que uma pessoa séria aceite um mestre espiritual fidedigno em termos das injunçõesshástricas. Sri Jiva Gosvami aconselha que não se aceite um mestre espiritual em termos de hereditariedade ou costume social ou convenções eclesiásticas. Deve-se simplesmente tentar encontrar um mestre espiritual genuinamente qualificado para verdadeiro avanço em entendimento espiritual”. (Chaitanya-charitamrita, Adi 1.35, significado de Srila Prabhupada)
Votos de Iniciação
“Na condição doentia, a pessoa tem voluntariamente que aceitar as regras e regulações impostas pelo médico: ‘Você não deve comer isto. Você não deve fazer isto. Você não deve sair. Você deve descansar. Você não deve, não deve, não deve’, muitíssimos. Similarmente, se queremos nos purificar, então os quatro princípios do processo purificatório, a saber, vida sexual ilícita e intoxicação, comer de carne e jogos de azar, estas quatro coisas devem ser [abandonadas]. Essas quatro coisas são a parafernália da civilização de vocês ocidentais. Não apenas no ocidente, oriente, em todo lugar. Kali-yuga está se propagando muito rapidamente, e, onde quer que Kali-yuga seja muito proeminente, estes quatro itens são muito proeminentes: vida sexual irrestrita, jogatina, consumo de carne e intoxicação. Quando as pessoas se tornam muito acostumadas a todo esse disparate, elas pensam: ‘Ah, o que há de errado nisso?’. Contudo, é a parte mais abominável da civilização humana. Qualquer um que esteja se ocupando nessas quatro coisas não pode imaginar onde ele está e como ele se livrará dessa vida condicional. Então, este é o processo purificatório. Iniciação significa o começo do seu processo purificatório. Assim, se somos sérios em relação à purificação, temos que seguir estes quatro princípios, se vocês querem ser curados”. (São Francisco, 10 de março de 1968, palestra de Srila Prabhupada)
“Não é muito difícil seguir os quatro princípios reguladores. Essas coisas devem ser interrompidas se vocês desejam ser sérios. De outro modo, criem uma farsa e façam o que queiram. Eu não posso dar proteção. Isso não é possível. Então, vocês têm que seguir essas regras e regulações se vocês são sérios. Então, recebam a iniciação. De outro modo, não façam uma farsa – não façam isso. Esse é o meu pedido”. (Srimad-Bhagavatam 1.16.35, Havaí, 28 de janeiro de 1974, palestra de Srila Prabhupada)
“Meu conselho é que cantem o mínimo de 16 voltas e sigam os quatro princípios reguladores. Todos os meus discípulos têm que concordar neste ponto; caso contrário, não são meus discípulos. Meus discípulos têm que seguir esses princípios, quer vivam no céu, quer no inferno”. (Carta de Srila Prabhupada a Raja Lakshmi, Mayapur, 17 de fevereiro de 1976)
Srila Prabhupada entrega o jogo de contas para uma discípula depois de esta ter prometido seguir os quatro princípios e cantar 16 voltas das contas com o mantra Hare Krishna.
“Se você é incapaz de cumprir sua promessa a seu mestre espiritual, qual é a utilidade de se chamar de devoto e discípulo? Isso é simplesmente fingir. Então, você deve pensar assim: ‘Eu prometi isto ao meu mestre espiritual; agora, então, tenho que lhe obedecer sem qualquer exceção. Caso contrário, não me cabe me chamar de seu discípulo’. Essa será a austeridade, ou tapasya, de vocês para forçá-los a fazerem um rápido avanço no entendimento da consciência de Krishna. Semtapasya, não há questão de avanço. Então, se a natureza material ainda é tão atrativa para você que você é incapaz de sacrificar as coisas dessa maneira, é melhor abandonar toda a questão e viver como você quiser, de fora. Porém, se você quer se chamar de devoto e servo de Krishna nessa capacidade, você tem que evitar esses quatro princípios básicos de restrição sob todas as circunstâncias, sem quaisquer exceções. É claro que, uma vez ou duas vezes, Krishna pode perdoar – isso não é muito difícil –, mas mais do que isso se torna muito difícil para Krishna perdoar vocês, e há grande risco de que tudo se perca apesar de todo tempo e esforço que você dedique”. (Carta de Srila Prabhupada a Sankarasana, Bombaim, 31 de dezembro de 1972)
“Você perguntou se é verdade que o mestre espiritual permanece no universo material até que todos os Seus discípulos sejam transferidos para o Céu Espiritual. A resposta é ‘sim’ – essa é a regra. Portanto, todo estudante tem que ser muitíssimo cuidadoso quanto a não cometer nenhuma ofensa que seja prejudicial para sua promoção ao Reino Espiritual e, em consequência disso, o mestre espiritual tenha que reencarnar para libertá-lo. Esse tipo de mentalidade será uma ofensa ao mestre espiritual. Dos dez tipos de ofensas, a ofensa número um é desobedecer às ordens do mestre espiritual. As instruções dadas ao discípulo pelo mestre espiritual no momento da iniciação devem ser seguidas estritamente. Isso fará o sujeito avançar no caminho espiritual. Todavia, se alguém deliberadamente despreza essas instruções, seu avanço é impedido desde o começo. Esse desprezo significa desconectar-se da relação com o mestre espiritual. E qualquer um que despreze e, portanto, desconecte-se da relação com o mestre espiritual, dificilmente pode esperar o auxílio do mestre espiritual vida após vida. Espero que isso lhe esclareça a questão o bastante”. (Carta de Srila Prabhupada a Jayapataka, Los Angeles, 11 de julho de 1969)
“É claro, este cantar de hari-nama purificará vocês. Isso é ótimo. Contudo, como este fogo que acenderei na lenha seca, fica mais fácil ter um fogo alto se a mantenho seca. Por outro lado, se eu jogo água nela, será difícil acender. Similarmente, a consciência de Krishna ou o cantar de Hare Krishna manterá vocês progressivos. Ao mesmo tempo, voluntariamente, se vocês não cometerem todos esses disparates, então será ótimo. E, se vocês continuarem com esse derramar de água, então. Assim como um homem está se medicando e, ao mesmo tempo, fazendo todo disparate. Então, sua doença não será curada, ou poderá levar muitíssimo tempo. Então, não devemos ser irresponsáveis dessa maneira, porque a vida é muito curta”. (San Francisco, 10 de março de 1968, palestra de Srila Prabhupada)
“Quando o Senhor estava invocando Seu chakra Sudarshana, e Srila Nityananda Prabhu estava implorando-Lhe que perdoasse os dois irmãos, ambos os irmãos caíram aos pés de lótus do Senhor e imploraram por Seu perdão por seu comportamento grosseiro. O Senhor também foi solicitado por Nityananda Prabhu a aceitar essas almas arrependidas, e o Senhor concordou em aceitá-las com uma condição – que, dali em diante, abandonassem por completo todas as suas atividades pecaminosas e hábitos de devassidão. Ambos os irmãos concordaram com isso e prometeram abandonar todos os seus hábitos pecaminosos, e o amável Senhor aceitou-os e não mais Se referiu aos erros passados deles. Essa é a amabilidade específica do Senhor Chaitanya. Nesta era, ninguém pode dizer que está livre de pecados. É impossível que alguém diga isso. Todavia, o Senhor Chaitanya aceita todos os tipos de pessoas pecaminosas com esta única condição de que prometam não se darem a hábitos pecaminosos depois de terem sido iniciados espiritualmente pelo mestre espiritual fidedigno. Nesta Kali-yuga, praticamente todas as pessoas são da mesma qualidade que Jagai e Madhai. Se querem ser libertas das reações de seus erros, têm que buscar refúgio no Senhor Chaitanya Mahaprabhu e, após a iniciação espiritual, parar com tudo o que é proibido nos shastras”. (Introdução do Srimad-Bhagavatam por Srila Prabhupada)
A pedido de Nityananda Prabhu, o Senhor Chaitanya aceitou Jagai e Madhai, mas com a condição de que abandonassem suas atividades pecaminosas.
“Segundo os Vedas, há certa regulação de que, se alguém cai de sua posição elevada, tem que se submeter a certos processos ritualísticos a fim de purificar-se. Contudo, aqui não há semelhante condição, porque o processo purificatório já está no coração do devoto, devido a ele se lembrar da Suprema Personalidade de Deus constantemente. Por conseguinte, o canto de Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare deve prosseguir sem interrupção”. (Bhagavad-gita 9.31, significado de Srila Prabhupada)
“Se você aceita o guru e, em seguida, desobedece-Lhe, qual é a sua posição? Você não é um cavalheiro. Você promete diante do guru, diante de Krishna, diante do fogo: ‘Obedecerei sua ordem; cumpri-la-ei’, e, em seguida, você faz algo diferente. Você, então, não é nem mesmo um cavalheiro, o que falar de ser um devoto. Isto é bom senso”. (Bhagavad-gita 2.11, México, 11 de fevereiro de 1975, palestra de Srila Prabhupada)
Adoração ao Guru
“O mestre espiritual é honrado tanto quanto o Senhor Supremo porque é o servo mais confidencial do Senhor”. (Sri Sri Gurv-ashtaka 7)
“[O Senhor Shiva disse à deusa Durga:] ‘Minha querida Devi, embora os Vedas recomendem a adoração aos semideuses, a adoração ao Senhor Vishnu é suprema. No entanto, acima da adoração ao Senhor Vishnu está a prestação de serviço aos vaishnavas, que são ligados ao Senhor Vishnu’”. (do Padma Purana, citado em Chaitanya-charitamrita, Madhya 11.31)
“[O Senhor Krishna disse a Arjuna:] ‘Aqueles que são Meus devotos diretos, na verdade, não são Meus devotos, mas aqueles que são devotos do Meu servo são Meus devotos verdadeiramente’”. (Adi Purana, citado em Chaitanya-charitamrita, Madhya 11.28)
“Este guru-puja que estamos fazendo não é autoengrandecimento; é ensinamento verdadeiro. Vocês cantam diariamente. Como é? Guru-mukha-padma-vakya ara na kariya aikya. Digo-lhes francamente que qualquer pequeno sucesso que existe neste Movimento da Consciência de Krishna [é porque] eu simplesmente acreditei no que foi falado por meu Guru Maharaja. Também continuem com isso. Então, todo sucesso virá. (Nova Iorque, 9 de julho de 1976, palestra de Srila Prabhupada)
“Não há diferença entre eu e minha imagem. Portanto, devemos honrar e manter imagens nesse espírito. Se jogamos a imagem assim e assim, isso é uma ofensa. O nome e a imagem são tão bons quanto a pessoa no mundo espiritual”. (Carta de Srila Prabhupada a Jadurani, New Vrindaban, 4 de setembro de 1972)
Imagem, ou murti, de Srila Prabhupada em Mayapur, Índia.
“O fruto maduro é recebido de mão em mão através da sucessão discipular, e qualquer um que faça esse trabalho na sucessão discipular de Srila Vyasadeva é considerado representante de Vyasadeva, e, como tal, o dia do aparecimento desse mestre espiritual fidedigno é adorado como Vyasa-puja. Não apenas isso, o assento elevado sobre o qual o mestre espiritual se senta se chama vyasasana”. (Carta de Srila Prabhupada a Bali-mardana, Tóquio, 25 de agosto de 1970)
“Este Vyasa-puja significa que, um dia ao ano, no aniversário do mestre espiritual – porque ele é o representante de Vyasa, ele está entregando o mesmo conhecimento que desce pela sucessão discipular sem qualquer mudança –, é oferecido respeito a ele. Isto se chama Vyasa-puja. E o mestre espiritual recebe toda honra, toda contribuição, em nome da Suprema Personalidade de Deus, e não para a sua pessoa. Assim como, no nosso país, quando havia o regime britânico, havia o vice-rei, um representante do rei. Então, naturalmente, quando o vice-rei costumava ir a alguma reunião, muitíssimas pessoas costumavam presentear joias valiosas simplesmente para honrá-lo. Mas a lei era que nem mesmo em uma única das joias ou das contribuições o vice-rei podia tocar. Ia para o tesouro real. O vice-rei podia aceitar em nome do rei toda a contribuição, mas ela ia para o rei. Similarmente, neste dia, o dia do Vyasa-puja, qualquer honra, contribuição e sentimentos sendo oferecidos ao mestre espiritual [vão para Krishna]. Da mesma forma que recebemos o conhecimento de cima, o respeito também vai de baixo para cima. Este é o processo. Assim, como o mestre espiritual é o professor do estudante, ele tem que ensinar o discípulo a como enviar de volta seu respeito e sua contribuição a Deus. Isso se chama Vyasa-puja”. (New Vrindaban, 2 de setembro de 1972, significado de Srila Prabhupada)
Rejeitando o Mestre Espiritual
“O sujeito polui sua inteligência e exibe severa fraqueza de caráter quando rejeita seu próprio mestre espiritual. Com efeito, semelhante pessoa já rejeitou o Senhor Supremo, Hari”. (Brahma-vaivarta Purana)
“Mas, quando alguém deixa um mestre espiritual, pode haver alguma razão. Essa razão também é dada no shastra [Mahabharata, Udyoga-parva 179.25]: gurur api avaliptasya karyakaryam ajanatah. Se o mestre espiritual não sabe o que realmente tem que ser feito, o que realmente não deve ser feito e age contra as regras e regulações do shastra, então esse mestre espiritual pode ser abandonado. Mas enquanto você não descubra que o mestre espiritual está agindo contra os princípios de shastra ou guru, então, se você abandona a companhia do mestre espiritual, isso não é bom para você. Isso é a sua queda”. (Srimad-Bhagavatam 1.16.36, Tóquio, 30 de janeiro de 1974, significado de Srila Prabhupada)
“De acordo com os códigos escriturais, um instrutor que se ocupe em uma ação abominável e tenha perdido seu senso de discriminação é apto a ser abandonado”. (Bhagavad-gita Como Ele É 2.5, significado)
“De acordo com as escrituras reveladas, um professor ou um mestre espiritual é rejeitável caso se revele indigno da posição de guru, ou mestre espiritual”. (Srimad-Bhagavatam 1.7.43, significado de Srila Prabhupada)
“Mesmo se alguém, por engano, foi até um patife, o livro está aqui. Tão logo você descubra: ‘Aqui está um patife que não sabe nada sobre Krishna, e eu fui até ele’, rejeite-o. Isso é declarado noshastra. Se, por engano, você tenha ido a um patife que não sabe como se tornar guru, você pode rejeitá-lo. Por que você deveria ficar com ele? Rejeite-o”. (Srila Prabhupada em conversa, 31 de janeiro de 1977, Bhuvanesvara)
Vani e Vapu
“Seguir os ensinamentos do guru é mais importante do que adorar a forma, mas nenhum deles deve ser negligenciado. A forma se chama vapu, e os ensinamentos se chamam vani. Ambos devem ser adorados. Vani é mais importante do que vapu”. (Carta de Srila Prabhupada a Tusta Krishna, Ahmedabad, 14 de dezembro de 1972)
“Embora, de acordo com a visão material, Sua Divina Graça Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada tenha partido deste mundo material no último dia de dezembro de 1936, considero que Sua Divina Graça está sempre presente comigo através de sua vani, suas palavras. Existem duas formas de associação – por vani e por vapuh. Vani significa ‘palavras’, ao passo que vapuh significa ‘presença física’. A presença física é ora apreciável, ora não, mas vani continua a existir eternamente. Por conseguinte, devemos nos beneficiar da vani, e não da presença física. OBhagavad-gita, por exemplo, é a vani do Senhor Krishna. Conquanto Krishna estivesse pessoalmente presente cinco mil anos atrás e não esteja mais fisicamente presente do ponto de vista materialista, o Bhagavad-gita continua”. (Chaitanya-charitamrita, Antya-lila, Palavras de Conclusão por Srila Prabhupada)
“No tocante à associação pessoal com o guru, estive com meu Guru Maharaja apenas quatro ou cinco vezes, mas jamais deixei sua companhia, nem mesmo por um instante. Porque estou seguindo as instruções dele, jamais me senti separado. Há alguns de meus irmãos espirituais aqui na Índia que tinham constantemente a companhia pessoal de Guru Maharaja, mas estão negligenciando suas ordens. Isso é como o inseto que está pousado no colo do rei. Ele pode ter muito orgulho de sua posição, mas o único ato exitoso que pode ter é o ato de picar o rei. A associação pessoal não é tão importante quanto associar-se através de serviço”. (Carta de Srila Prabhupada a Satadhanya, Calcutá, 20 de fevereiro de 1972)
Aqueles que se ocupam na missão do mestre espiritual e seguem suas instruções estão sempre com o mestre espiritual.
“No tocante a mim, eu não me sinto verdadeiramente separado do meu mestre espiritual porque estou tentando servi-lo de acordo com o desejo dele. Esse deve ser o lema. Se você for gentil em tentar cumprir a minha missão, pela qual você foi enviado para aí, essa será nossa constante associação”. (Carta de Srila Prabhupada a Hamsaduta, Los Angeles, 22 de junho de 1970)
“Por favor, fique feliz em separação. Estou separado de meu Guru Maharaja desde 1936, mas sempre estarei com ele enquanto eu trabalhe de acordo com sua direção. Todos nós, então, devemos trabalhar juntos para satisfazer o Senhor Krishna, e, deste modo, os sentimentos de saudade se transformarão em bem-aventurança transcendental”. (Carta de Srila Prabhupada a Uddhava, Boston, 3 de maio de 1968)
“Você escreve dizendo que deseja beneficiar-se novamente de minha companhia, mas por que você se esquece de que você está sempre na minha companhia? Quando você está ajudando em minhas atividades missionárias, estou sempre pensando em você e você está sempre pensando em mim. Essa é a verdadeira associação”. (Carta de Srila Prabhupada a Govinda, Los Angeles, 17 de agosto de 1969)
“O mestre espiritual está presente onde quer que o discípulo sincero esteja tentando servir suas instruções. Isso é possível pela misericórdia de Krishna. Em seus esforços por servir-me e em todos os seus sinceros sentimentos devocionais, estou com você assim como meu Guru Maharaja está comigo. Lembre-se sempre disso”. (Carta de Srila Prabhupada a Bhakta Don, Los Angeles, 1º de dezembro de 1973)
Fonte:https://voltaaosupremo.com/artigos/perolas/pes-de-lotus-coracoes-de-cisnes-uma-compilacao-de-instrucoes-fundamentais-sobre-os-papeis-de-guru-e-discipulo/
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