AFINAL,O QUE É O TANTRA ?

Meditation_by_Dan0101
AFINAL,O QUE É O TANTRA ?
O sexo é a primeira coisa que nos vem à mente quando falamos sobre o Tantra. Infelizmente o mundo ocidental distorceu um pouco os conceitos desta antiquíssima filosofia asiática focando naquela que é a sua maior obsessão: a sexualidade. Pior pra gente porque assim fica mais difícil descobrir a essência desta que é uma das filosofias espiritualistas mais apaixonantes da humanidade.
O objetivo do texto de hoje é introduzir uma série de posts que pretendo escrever sobre o Tantra e começar promovendo algumas rupturas. A principal delas: o Tantra não tem nada a ver com sexo, nada a ver com Kama Sutra, nada a ver com massagem ou erotismo.
Não existe sexo tântrico, não existe massagem tântrica. Isso é pura invenção. Se alguém está vendendo isso para você, desconfie e estude o Tantra para descobrir por si só o que estou dizendo. Estudo o Tantra há 7 anos e até hoje não encontrei nenhuma técnica, nenhum tutorial ou manual de como fazer sexo ou massagem segundo a sabedoria tântrica. Confesso que foi essa curiosidade que me motivou a iniciar meus estudos, mas foi algo que caiu por terra à medida que fui me aprofundando na filosofia.
Bom, mas se o Tantra não tem nada a ver com sexo, por que ouvimos tanto falar nisso? Na verdade o Tantra é uma das únicas filosofias do mundo onde tudo que é natural, intrínseco e latente no homem e na mulher é aceito. Na filosofia tântrica, tudo é bom, não existe nada de ruim ou de errado. Não existe o pecado. Preste atenção nisso: o Tantra não conhece o conceito de pecado. Para os mestres tântricos, o pecado é uma invenção do cristianismo.
Você pode pensar: “se para o Tantra tudo é bom, então o mal não existe?”. Não, não é bem assim. O Tantra reconhece o mal, reconhece que possamos ter um lado sombrio, emoções negativas, sentimentos obscuros. Mas tudo isso é acolhido e não é combatido. Essa é a chave da filosofia tântrica: a ausência de combate, de guerras internas, de limites de qualquer tipo. O Tantra é a filosofia da liberdade.
Para o Tantra, você pode ser o que quiser. Você pode sentir raiva, medo, rancor, tristeza ou tesão. Isso não é proibido, não é pecado. Faz parte de você e de qualquer um de nós. É natural que você sinta tudo isso e é recomendável que você não lute contra esses sentimentos para que eles não te dominem. Expresse-os, viva-os, experimente-os, mas observe-os atentamente. Sinta tudo isso com total consciência, total foco no presente. Esteja permanentemente em alerta diante dos seus pensamentos. 
Veja, isso é muito importante: a consciência é tudo para o Tantra. É o que impede que você use um rompante de fúria para agredir alguém. Faça um teste: quando sentir raiva, observe essa raiva, monitore-a. Veja como ela mexe com suas sensações, seu corpo, sua mente. Você verá que a raiva diminuirá e quanto mais você observá-la, menos sentido ela terá. A consciência traz luz a todo tipo de sentimento. É por isso que o Tantra não é a filosofia da indulgência.
Se eu puder resumir o que eu aprendi nos meus poucos anos de estudos do Tantra, eu diria que ele tem três preceitos fundamentais: 1) Seja livre. 2) Seja intenso. 3) Seja espontâneo. Para o Tantra, essa é a chave do despertar, do crescimento espiritual. O Tantra diz: Seja você! Seja livre! Aceite-se! Ame-se! Acolha-se! Tudo que você precisa para crescer está dentro de você. Você veio ao mundo com todas as ferramentas para evoluir. E tudo que está em você deve ser usado, tudo deve ser aproveitado.
Claro, algumas coisas devem ser transformadas. Osho, o grande mestre tântrico usa a palavra transcender. Transcenda a dualidade. Faça isso através da auto-observação, da meditação, do silêncio e do autoconhecimento. Não viva nos extremos, não seja só ódio ou só amor. Não seja totalmente egoísta nem totalmente altruísta. Não se perca nos excessos, mas também não reprima. 
O que o Tantra acredita é que tudo que é combatido dentro de nós fica mais forte. A repressão do sexo leva à perversão.Quanto mais você lutar contra o sexo, contra a raiva, contra tudo de negativo que existe dentro de você, mais forte tudo isso será, mais difícil será de vencê-los e uma hora ou outra você viverá rompantes de perversões terríveis. Por isso o Tantra diz para não lutar contra nada.
Para Osho, você só se tornará sábio se tiver conhecido as profundezas do inferno. Alguém que nunca esteve no inferno nunca será sábio, porque não vivenciou uma parte fundamental da existência, não tem “bagagem” para lidar com o lado obscuro do seu próprio ser. Não é completo porque reprimiu parte de si e essa repressão gera uma bomba prestes a explodir.
Acho isso fantástico. Outras filosofias e religiões do nosso mundo têm uma abordagem diferente com a existência. Elas reprimem. Dizem para sermos deste, e não daquele modo. Dizem o que podemos ou não fazer para sermos aceitos por Deus. Impõem regras: o que devemos ou não vestir, o que devemos ou não comer, quem devemos amar, como devemos amar, quando devemos amar.
É também impressionante como as religiões do mundo limitam os corpos. Para elas, o corpo é um pecado e deve ser escondido, não deve ser tocado, explorado, experimentado. O Tantra recomenda o contrário: explore seu corpo, suas sensações, seus sentidos… desfrute disso, é direito seu. Com respeito, claro. Seu corpo é um templo, deve ser preservado e receber cuidados, mas também ser conhecido e experimentado.
Com tanta liberdade, é natural que o mundo ocidental tenha enxergado o Tantra como uma oportunidade para vender uma ideia de “religião da putaria”. Por isso fica aqui um convite para rompermos com essa ideia e estudar melhor essa filosofia vasta, profunda e encantadora.
Nos próximos posts vamos nos aprofundar em alguns pontos que esbocei aqui, a origem do Tantra e desmistificar o tal do “sexo tântrico”. A ideia é desvendar pelo menos parte desse conhecimento profundo, precioso e ainda bastante velado da espiritualidade humana.
Material recomendado para iniciação ao Tantra (Sugiro assistir ao seminário e ler os livros nessa ordem):
Seminário “Tantra, Sexo e Espiritualidade” – Vol. 1 a 8, de Laércio Fonseca (Youtube)
“Tantra: O caminho da aceitação”, de Osho
“Tantra: A sexualidade sacralizada”, de Mestre De Rose (Disponibilizado gratuitamente. Baixe clicando aqui)
“Tantra – A Arte do amor consciente”, de João Enrique Simão Costa (Disponibilizado gratuitamente. Baixe clicando aqui)
“Tantra – Iniciação ao amor absoluto”, de Daniel Odier
“Tantra: O culto da feminilidade”, de André van Lysebeth
“Tantra: A Suprema compreensão”, de Osho
Fonte:https://purpletrance.com/o-que-e-o-tantra/

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